Debate sobre Movimentos Sociais e Cooperação Internacional marca visita de estudantes na CESE

o início de maio, a CESE recebeu estudantes do curso Relações Internacionais da UNILAB (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira) para debater sobre o papel das organizações da sociedade civil e movimentos sociais, destacando, sobretudo, o lugar destes atores quando inseridos em dinâmicas no âmbito internacional. Entre os discentes, estavam presentes jovens adultos da região do Recôncavo Baiano e estudantes estrangeiros oriundos de países africanos de língua portuguesa (Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe).

A ideia da visita surgiu a partir da participação de Daniel de Lucca, professor da Universidade, na 4ª Edição do Show Música e Direitos Humanos, realizada em abril deste ano. Daniel já conhecia o trabalho da CESE através do Movimento de População de Rua em São Paulo, e viu na exposição dos 70 anos da Declaração Internacional dos Direitos Humanos e nos materiais distribuídos, a oportunidade de apresentar para seus alunos a luta dos movimentos sociais no Brasil e experiência da CESE no campo da cooperação internacional: “Na universidade, ministro a disciplina  ‘Sociedade Civil Global. E como objeto de estudo, seria muito importante ter contato com uma organização como a CESE, não só pela relevância histórica, mas também pela relação com os movimentos de base e com organismos internacionais. E acrescenta: “A instituição possui essa dupla inserção entre o local e internacional, e tem um panorama dos principais desafios da sociedade civil no Pós Golpe.”

Sônia Mota, diretora executiva da CESE, iniciou o encontro dando as boas vindas para plenária e reafirmou a importância da abertura da organização, como espaço de discussão e compartilhamento de saberes: “No contexto de polarização que estamos vivendo, é muito importante que a CESE seja um espaço de formação para compreender a realidade e como podemos atuar politicamente.“.

Os representantes da CESE apresentaram a trajetória da organização, dede a sua fundação, a composição das igrejas e o apoio aos movimentos, até sua atuação política atual.  O debate gerou em torno do momento político e como às organizações populares e os movimentos sociais têm sido atingidos e criminalizados: “Estamos vivendo um golpe político, judiciário e midiático. E não podemos abrir mão dos direitos humanos e da democracia.”, afirmou Sônia.

Para Jenito Faustino, estudante da Angola, o encontro foi uma oportunidade de ter um diagnóstico de como a sociedade civil se organiza: “Achei bastante interessante às experiências dos grupos, principalmente a luta por território.”. Com essa mesma avaliação, Júlio Sani Lopes, guineense, descreve suas impressões: “O que me chamou mais atenção foi o tempo de atuação da organização. São 45 anos enfrentando várias lutas e apoiando os mais excluídos”.

Já para Elma Pereira, estudante guineense, a visita representou um intercâmbio cultural e social: “Como africana é um privilégio estar aqui, porque além de conhecer outras expriências, como o massacre dos povos indígenas, trago na memória situações idênticas de massacre e escravidão ocorridas nos países africanos.” E completa: “O mais impressionante é que esse importante trabalho sobre os direitos humanos tem conexão com as igrejas.”.

Apesar do cenário difícil, Sônia apontou possíveis alternativas, como exposição de posicionamentos e notas públicas sobre o cerceamento de direitos para agências de cooperação internacional: “Precisamos somar forças através de campanhas, ações e denúncias das violações de forma coletiva. Dar visibilidade para a as agências de cooperação e outros países saberem e divulgarem a nossa real situação. Em muitas situações não adianta fazer incidência aqui dentro, as ações precisam ecoar em outros países.”.