Fórum Mundial de Teologia da Libertação acontece de 12 a 16 de março em Salvador(BA)

Entre os dias 12 e 16 de março, Salvador (Bahia) recebe o Fórum Mundial de Teologia da Libertação. Realizado no Convento das Irmãs Mercedárias, no Rio Vermelho, o evento reúne diversas expressões de fé de distintas partes do mundo: Brasil, Chile, Canadá, Estados Unidos,  México, Índia, Bélgica, Espanha e Quênia.

Uma mística que teve como elo central a água (e seus diversos significados a partir de cada expressão de fé) deu início à reunião. A escolha do elemento, segundo a diretora executiva da CESE, Sônia Mota, faz uma conexão com o Fórum Alternativo Mundial da Água, que acontecerá de 17 a 22 de março em Brasília (DF). Celebraram a mística representantes do cristianismo (Frei Henrique Pelegrino, da Igreja da Trindade); Pastor Joel, da Igreja Batista do Brasil e vice-presidente da CESE); islamismo (Sheikh Ahmad, do Centro Islâmico da Bahia); e candomblecismo (Mãe Vânia, do IlÊ Axé Kale Bokun).

Uma contextualização sobre os avanços dos fundamentalismos religiosos no Brasil e o desafio da “teologia em conseguir levar comunhão, fé, esperança entre os homens e a criação” pautou a reflexão de Romi Márcia Bencke, secretaria geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic). Trazendo um panorama regional, foram convidadas a pastora da Igreja Presbiteriana Unida, Sônia Mota; Ana Gualberto (Koinonia) e Bianca Daebs (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil).

Após a apresentação de Salvador e suas disparidades sociais, Ana Gualberto apresentou um retrato da desigualdade racial na Bahia e a intolerância religiosa que atinge principalmente os povos de matriz africana. “A intolerância religiosa mata no Brasil. Só no Estado, cresceu em 300% os casos de intolerância religiosa no último ano; 80% das denúncias são de povos de matriz africana. Esses dados afirmam o racismo”, pondera Gualberto.

No campo de gênero, a sub-representatividade das mulheres na política foi abordada por Bianca Daebs, que trouxe os seguintes dados para sua explanação: das 63 pessoas que ocupam cargos como deputados estaduais, apenas oito são mulheres; dos 43 vereadores, oito são mulheres (e apenas uma é negra). “Isso diz sobre quem pensa as leis dessa cidade”, avalia.

A violência contra as mulheres também foi apontada por Daebs. Só no 1º semestre de 2017, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia registrou 23 mil casos de violência contra as mulheres, 23 casos de feminicídio e 150 homicídios dolosos.

A programação do Fórum Mundial de Teologia da Libertação segue até o dia 16 de março.