A CESE, O LUTO E A LUTA PELA DEMOCRACIA

Toda vez que estamos juntos com lideranças sociais, moradores das periferias, mulheres, povos tradicionais, juventude negra, militantes das pastorais, pessoas ameaçadas, e falamos da nossa indignação com tanta intolerância e violência, inclusive esta do impeachment da presidenta Dilma, golpeada sistematicamente pelos grandes meios de comunicação, e agora por instâncias do poder, elas comentam com inesperada calma e sabedoria: “isso não nos surpreende, é o que vivemos no nosso dia-a-dia, mas não perdemos a esperança de que um dia isso irá mudar”.

O Brasil e o mundo assistem o teatro de cartas marcadas, cujo script fala de uma caricatura, arremedo de democracia, de um arranjo de aparência institucional para que tudo se ajeite conforme a narrativa de um outro governo que não tenha o rastro nem o cheiro deste que se vai. É irônico, porque temos tantos motivos para criticar as insuficiências e equívocos conduzidos pelo PT e seu grande líder Lula, mas não nos sobra espaço nem tempo senão o de resistir e defender as conquistas que igualmente tivemos neste período, agora ameaçadas por terrível retrocesso.

Temos que dar mirada na história e retomar as lutas por liberdades laicas e democráticas frente à onda conservadora, cientes de que a história não se repete, senão pela farsa, e que o modelo neodesenvolvimentista já está causando danos irreparáveis para a vida e a cultura das populações do campo e das cidades dada a concentração de renda, o uso predatório, insustentável de nossas riquezas naturais e a ausência de reformas estruturantes pelo direito à vida e à segurança pública.

Frente ao neoliberalismo de coalizão que acaba de se instalar no poder central – dominado por sintomático universo branco e masculino – deveremos apoiar a resistência em defesa dos direitos e bens comuns. Em paralelo ao monitoramento do Senado Federal, criar as condições para a realização de uma profunda Reforma Política através de uma Constituinte Soberana.

Continuaremos exercendo a cidadania ativa, na esperança de que seja honrado o estado de direito e as liberdades democráticas.
Em honra à sua missão, a CESE reafirma seu compromisso com as lutas populares e pelo restabelecimento da legitimidade democrática, alimentada pela esperança das vozes indignadas que vêm das periferias.
#NÃO AO GOLPE

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