CESE lança publicação Equidade Racial com apoio da Fundação Kellog

“Quem não sabe de onde veio não tem como saber para onde vai”. O provérbio africano dá o norte do livro “Equidade Racial – Sistematização do Projeto de Fortalecimento Institucional”, elaborado pela CESE e com lançamento marcado para esta quinta (9), a partir das 17h30, no terraço da organização (Rua da Graça, 164, Salvador). A publicação revisita a experiência que a CESE construiu em conjunto com seus parceiros (Instituto Mídia Étnica e Steve Biko) no quadro do Programa Equidade Racial/Projeto de Fortalecimento Institucional para o Combate ao Racismo, implementado entre os anos de 2011 e 2013 com foco no Nordeste Brasileiro, apoiada pela Fundação Kellog.

A iniciativa foi desenvolvida pela articulação entre as organizações, que lançaram conjuntamente um edital com duas categorias: uma voltada para o fortalecimento institucional e a outra para formação de lideranças e comunicadores. O projeto de fortalecimento institucional constituiu-se em duas dimensões: de um lado, o apoio às ações específicas de cada organização em seus respectivos campos de trabalho, abrangendo propostas ligadas à juventude, mulheres, cultura, religiões de matriz africana e quilombos. De outro, a CESE desenvolveu um processo de formação, com temas emergentes e fundamentais para a luta antirracista. Foram selecionados onze projetos de organizações da Bahia, Paraíba, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí.

O livro permite visualizar a diversidade das iniciativas de combate ao racismo, desigualdades raciais e de gênero, valorização e preservação das manifestações culturais de matrizes africanas, direitos das comunidades quilombolas e da juventude negra, ao mesmo tempo em que aponta os entraves que o ativismo negro enfrenta para o fortalecimento de sua ação política.

“Neste sentido, esta publicação é referência para ativistas, estudiosas/os e todas as pessoas interessadas em compreender a sociedade civil brasileira na atualidade. Em especial, identifica as dificuldades adicionais com que as organizações do movimento negro se defrontam para pautar a questão racial, num contexto em que o racismo opera para invisibilizar, criminalizar ou desqualificar o ativismo negro e sua agenda de reivindicações”, avalia Sueli Carneiro, doutora em educação, coordenadora e fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra de São Paulo e integrante da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras.

Revisitando a experiência

No primeiro capítulo, discute-se de forma mais detalhada os antecedentes, incluindo-se o histórico da CESE e sua trajetória com a questão racial, o Programa Kellog para Equidade Racial e a criação do Fundo Baobá. No segundo capítulo, apresenta-se o processo de formação, como foi organizado, conteúdos, instrumentos e metodologias, bem como os processos de construção mais relevantes realizados pelos/as participantes, a partir de suas bagagens e experiências, em especial os indicadores que se tornaram a base de análise para o desenvolvimento institucional das organizações no decorrer do projeto.

Entra-se na experiência das organizações em campo no terceiro capítulo, a partir de três indicadores centrais: Sustentabilidade, Incidência Pública e Planejamento, Monitoramento e Avaliação (PMA). O quarto capítulo traz uma entrevista com o diretor de Programas para a América Latina e o Caribe da Fundação Kellog, que elucida a decisão da instituição de apoiar o combate ao racismo, prioritariamente, no Nordeste do Brasil. No quinto capítulo, destacam-se as entrevistas realizadas com representantes do Instituto Mídia Étnica e do Instituto Steve Biko.

No entremeio dos capítulos, em seções chamadas “Diálogos”, é possível entrar em contato com a síntese de discussões-chave conduzidas na formação, sempre por especialistas de diferentes organizações da sociedade civil, militantes na defesa de direitos, convidados/as para tratar de questões específicas como gênero, sustentabilidade, racismo institucional, dentre outras. Outra seção adicional leva o título de “Algumas Histórias”, com narrativas construídas por integrantes das organizações, no último encontro da formação, contando algumas experiências vividas no decorrer dos projetos.

De acordo com a publicação, revisitar a experiência é um movimento importante no sentido de se apropriar de modo mais aprofundado de seus significados, compreendendo seus antecedentes e em que medida podem reverberar nas ações futuras, tanto das organizações que dela fizeram parte, como de outras que possam nelas se inspirar. “A sistematização aqui é um movimento de retorno a um dado caminho por meio da palavra, palavra que ousa ser a síntese da experiência vivida. Ela permite o retorno a partir de outras dimensões, como a imaginação e a corporeidade, além da razão, reflexão crítica, possibilidade de ordenamento e reconstrução dos trajetos percorridos e, com isso, a construção de novos conhecimentos produzidos e partilhados no coletivo”.

Durante o evento, a distribuição da publicação será gratuita (um exemplar por instituição/organização).

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *