CESE se solidariza a companheiros e companheiras em greve de fome no Maranhão

A CESE manifesta seu apoio e solidariedade à reivindicação que está sendo feita pelos quilombolas, indígenas e camponeses no Estado do Maranhão, que permanecem acampados desde o dia 8 de junho na sede da Superintendência do Incra em São Luís, exigindo a titularização de seus territórios. A CESE solicita aos órgãos competentes, especialmente ao INCRA regional, que atenda às reivindicações apresentadas, preservando a vida dos manifestantes e o direito ao território que ocupam historicamente.

Crédito: Divulgação

Crédito: André Tupinambá Tenetehara/Divulgação

De acordo com informações do CIMI, oito pessoas permanecem em greve de fome há uma semana. Até o presente momento as autoridades não se deixaram sensibilizar com as consequências que a greve de fome pode acarretar à saúde de Valdenilde Gamela (indígena, 25 anos), Maria Doracy Ferreira (quilombola, 36 anos), Maria da Conceição (Concinha, quilombola, 46 anos), Antônio Pereira (camponês, 52 anos) Naildo Braga (quilombola, 33 anos), Deusdeth Martins (quilombola, 53 anos), Lurdilene de Jesus (quilombola, 25 anos) e Ivonete Galvão (quilombola, 44 anos).

 

Leia abaixo a Nota divulgada pelas comunidades em luta:

Declaração do Acampamento dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão

Desde o dia 08 de junho de 2015 iniciamos o Acampamento com a presença de comunidades entre indígenas, quilombolas e camponesas. As atividades se iniciaram com uma manifestação em frente ao Palácio dos Leões (sede do Governo estadual) em solidariedade à luta de comunidades do interior de São Luís, pela Criação da Reserva Extrativista Tauá- Mirim (RESEX), considerando que durante anos estas comunidades vêm sofrendo todo tipo violência por parte de grandes empreendimentos privados que contam com o apoio formal e acordos econômicas firmados com gestões do governo estadual. Para denunciar a violência policial contra comunidades e contra a juventude negra de periferia.

Na tarde do mesmo dia, ocupamos a sede da Superintendência estadual do INCRA a fim de denunciar a violência promovida pelo Estado brasileiro, a partir do descumprimento do artigo 68 do Ato das Disposições transitórias da Constituição Federal de 1988, que reconhece às comunidades quilombolas a propriedade definitiva dos seus territórios, devendo o Estado emitir os respectivos títulos.

A ação violenta do Estado atinge também comunidades indígenas que tem seus direitos a terra e ao bem viver negados pelas instituições que deveriam fazer cumprir o mandado constitucional, tais como a FUNAI.

Diante do silêncio e indiferença do Estado Brasileiro perante estas graves violações aos direitos destes povos, 26 lideranças quilombolas, indígenas e camponesas decidiram em assembleia iniciar uma greve de fome, semelhante à realizada em 2011, a partir das 7 da manhã do dia 10 de junho de 2015. Diante do exposto, declaramos que as consequências deste ato são de inteira responsabilidade do Estado brasileiro que continua a prática do racismo institucional e do genocídio contra nós.

 

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