COP 20: Igrejas reforçam o engajamento ecumênico por justiça climáticaCOP 20: Igrejas reforçam o engajamento ecumênico por justiça climática

Entre os dias 1 e 12 de dezembro, a capital do Peru, Lima, está recebendo a XX Conferência das Partes (COP 20) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Diversas inicativas de incidência em torno do tema da justiça climática estão sendo realizadas com participação direta de igrejas-membro do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e demais parceiros ecumênicos.

Desde a primeira COP, realizada em 1995, em Berlim, Alemanha, o CMI sempre tem enviadosua delegação para participar das discussões. Mais recentemente, o Conselho também passou a buscar fomentar e dar visibilidade à participação de suas igrejas-membro em diferentes frentes de trabalho e conscientização que eventos como este costumam possibilitar.

Em Lima, a incidência ecumênica tem ocorrido nas mais diversas frentes. Desde as sessões plenárias e eventos paralelos da conferência oficial até o desenvolvimento dos trabalhos do Comitê Inter-religioso do Peru, igrejas e organismos ecumênicos tem desempenhado um papel ativo e expressivo na busca por justiça climática.

No dia 8 de dezembro, a Igreja Metodista do Peru (IMP), membro do CMI, promoveu um painel entitulado “Cristãos Comprometidos com o Cuidado com a Criação”. A atividade, realizada na Casa Metodista, foi o ponto alto de uma jornada que incluiu diversas atividades culturais e de debate em torno das questões que estão no centro do trabalho da COP 20 e da Cúpula dos Povos, que acontece, também em Lima, entre os dias 8 e 12 de dezembro.

Ao abrir a conferência e apresentar os palestrantes , o Bispo Samuel Aguilar, líder da IMP, enfatizou a importância da recente decisão da liderança de sua igreja em incluir as questões de justiça climática em seu ministério missão. “Este evento marca nossa abertura para nos tornarmos uma igreja totalmente comprometida em ser pró-ativa no cuidado com a criação de Deus”, ele disse.

Em sua apresentação durante o painel, o presbiteriano colombiano Rev. Milton Mejía, coordenador do programa Fé, Economia, Ecologia e Sociedade, do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), apontou para o conteúdo de três recentes declarações ecumênicas globais que oferecem aportes valiosos na busca de interpretações e soluções para as estruturas injustas que causam a pobreza e ferem a Terra: “A Confissão de Accra”, emitida pela Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR), em 2004, a “Declaração de São Paulo”, publicada em 2012 pela CMIR, CMI, Federação Luterana Mundial (FLM) e Conselho Mundial de Missão (CMM), e o recente documento do CMI “Economia da Vida: Um Convite à Reflexão Teológica e à Ação”, publicado no último dia 28 de novembro através do programa do CMI sobre Pobreza, Riqueza e Ecologia.

“Recebemos um convite do CMI e estamos nos juntando à Peregrinação de Justiça e Paz, compartilhando exemplos e iniciativas locais que podem gerar esperança e transformar as realidades que nos cercam”, disse Mejía. “Economia da Vida é um conceito que também valoriza nossas boas relações com o meio embiente”, acrescentou.

Ele também mencionou o documento “Clima, Fé e Esperança: Tradições de Fé Juntas por Um Futuro Comum”, declaração final emitida por representantes de diversas religiões e expressões de fé que estiveram reunidos numa consulta promovida pelo CMI, em Nova Iorque, em setembro.

O Rev. Pat Watkins, da Junta Geral de Ministérios Globais (JGMG), da Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos, também foi um dos oradores do painel. Ele falou sobre a importância do resgate das relações justas com o meio ambiente. “Nosso histórico ministério em favor dos pobres deve ser extendido também à terra”, ele disse. “Precisamos curar nossas relações com a terra que nos foi dada por Deus”, continuou. “Nossa relação com Deus deve refletir-se na nossa relação com o planeta inteiro”, acrescentou. Watkins é o primeiro e único Missionário para o Cuidado com a Criação de Deus da história da JGMG e trabalha diretamente com a secretaria geral.

Apesar do enorme número de atividades sendo realizadas em Lima durante os 12 dias da COP 20 e os 5 dias da Cúpula dos Povos, o painel promovido pela IMP teve caráter inédito, pois foi considerado por muitos representantes de igrejas como um importante primeiro passo rumo a um maior envolvimento das igrejas locais em questões ligadas ao meio ambiente.

Ao final do evento, o Rev. Enrique Alva Callupe, presidente do Conselho Evangélico do Peru, expressou sua gratidão em relação à iniciativa. “Esperamos que o exemplo da Igreja Metodista do Peru possa encorajar outras igrejas locais a dar o primeiro passo e adotar integralmente a questão da justiça climática em seu ministério e missão”, afirmou Callupe.

No dia seguinte, 9 de dezembro, na Universidade Antonio Ruiz de Montoya, o coordenador do programa do CMI para Cuidado com a Criação e Justiça Climática e chefe da delegação do CMI na COP 20, Dr Guillermo Kerber, moderou uma mesa redonda sobre o tema “Eco-teologia e diálogo inter-religioso na abordagem de temas ligados ao meio ambiente”.

A atividade foi parte da conferência “COP 20 – Perspectivas do Sul”. Dois membros da delegação do CMI estavam entre os seis oradores do debate.

A Rev. Dra. Grace Jim-Su Kim, pesquisadora da Universidade de Georgetown, Estados Unidos, e membro do Grupo de Trabalho do CMI sobre Mudanças Climáticas, compartilhou como seus estudos sobre teologia comparada estão lhe ajudando a identificar em outras expressões religiosas alguns conceitos fundamentais da fé cristã, como a sabedoria e a compreensão do Espírito Santo. “Entre as questões que deveriam nos unir está também a forte convicção de que a sustentabilidade é um valor de fé”, acrescentou Kim.

Para o Rev. Dr Henrik Grape, responsável da Igreja da Suécia para assuntos ligados ao tema do desenvolvimento sustentável, uma das questões importantes que está em jogo em Lima é como diversos níveis da sociedade civil, como igrejas e organismos ecumênicos, podem participar mais ativamente do processo de mudança das estruturas que causam danos ao meio ambiente. “Chegou a hora das expressões de fé serem mais pró-ativas na discussão em torno das escolhas feitas pela humanidade”, refletiu.

A COP 20 vai até o dia 12 e busca pavimentar o caminho rumo a COP 21, a ser realizada em Paris, França, em 2015, e que, por sua vez, espera-se que seja capaz de aprovar mecanismos legais vinculativos para regular as emissões de gases que causam o efeito estufa e um instrumento de financiamento eficaz que possa auxiliar diretamente na adaptação das comunidades e regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Assim como em Lima, igrejas, comunidades de fé, ao lado da sociedade civil, estarão em Paris pedindo “Justiça Climática para Todos!”

(Fonte: CONIC/Texto Marcelo Schneider – correspondente do CMI)

Entre os dias 1 e 12 de dezembro, a capital do Peru, Lima, está recebendo a XX Conferência das Partes (COP 20) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Diversas inicativas de incidência em torno do tema da justiça climática estão sendo realizadas com participação direta de igrejas-membro do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e demais parceiros ecumênicos.

Desde a primeira COP, realizada em 1995, em Berlim, Alemanha, o CMI sempre tem enviadosua delegação para participar das discussões. Mais recentemente, o Conselho também passou a buscar fomentar e dar visibilidade à participação de suas igrejas-membro em diferentes frentes de trabalho e conscientização que eventos como este costumam possibilitar.

Em Lima, a incidência ecumênica tem ocorrido nas mais diversas frentes. Desde as sessões plenárias e eventos paralelos da conferência oficial até o desenvolvimento dos trabalhos do Comitê Inter-religioso do Peru, igrejas e organismos ecumênicos tem desempenhado um papel ativo e expressivo na busca por justiça climática.

No dia 8 de dezembro, a Igreja Metodista do Peru (IMP), membro do CMI, promoveu um painel entitulado “Cristãos Comprometidos com o Cuidado com a Criação”. A atividade, realizada na Casa Metodista, foi o ponto alto de uma jornada que incluiu diversas atividades culturais e de debate em torno das questões que estão no centro do trabalho da COP 20 e da Cúpula dos Povos, que acontece, também em Lima, entre os dias 8 e 12 de dezembro.

Ao abrir a conferência e apresentar os palestrantes , o Bispo Samuel Aguilar, líder da IMP, enfatizou a importância da recente decisão da liderança de sua igreja em incluir as questões de justiça climática em seu ministério missão. “Este evento marca nossa abertura para nos tornarmos uma igreja totalmente comprometida em ser pró-ativa no cuidado com a criação de Deus”, ele disse.

Em sua apresentação durante o painel, o presbiteriano colombiano Rev. Milton Mejía, coordenador do programa Fé, Economia, Ecologia e Sociedade, do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), apontou para o conteúdo de três recentes declarações ecumênicas globais que oferecem aportes valiosos na busca de interpretações e soluções para as estruturas injustas que causam a pobreza e ferem a Terra: “A Confissão de Accra”, emitida pela Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR), em 2004, a “Declaração de São Paulo”, publicada em 2012 pela CMIR, CMI, Federação Luterana Mundial (FLM) e Conselho Mundial de Missão (CMM), e o recente documento do CMI “Economia da Vida: Um Convite à Reflexão Teológica e à Ação”, publicado no último dia 28 de novembro através do programa do CMI sobre Pobreza, Riqueza e Ecologia.

“Recebemos um convite do CMI e estamos nos juntando à Peregrinação de Justiça e Paz, compartilhando exemplos e iniciativas locais que podem gerar esperança e transformar as realidades que nos cercam”, disse Mejía. “Economia da Vida é um conceito que também valoriza nossas boas relações com o meio embiente”, acrescentou.

Ele também mencionou o documento “Clima, Fé e Esperança: Tradições de Fé Juntas por Um Futuro Comum”, declaração final emitida por representantes de diversas religiões e expressões de fé que estiveram reunidos numa consulta promovida pelo CMI, em Nova Iorque, em setembro.

O Rev. Pat Watkins, da Junta Geral de Ministérios Globais (JGMG), da Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos, também foi um dos oradores do painel. Ele falou sobre a importância do resgate das relações justas com o meio ambiente. “Nosso histórico ministério em favor dos pobres deve ser extendido também à terra”, ele disse. “Precisamos curar nossas relações com a terra que nos foi dada por Deus”, continuou. “Nossa relação com Deus deve refletir-se na nossa relação com o planeta inteiro”, acrescentou. Watkins é o primeiro e único Missionário para o Cuidado com a Criação de Deus da história da JGMG e trabalha diretamente com a secretaria geral.

Apesar do enorme número de atividades sendo realizadas em Lima durante os 12 dias da COP 20 e os 5 dias da Cúpula dos Povos, o painel promovido pela IMP teve caráter inédito, pois foi considerado por muitos representantes de igrejas como um importante primeiro passo rumo a um maior envolvimento das igrejas locais em questões ligadas ao meio ambiente.

Ao final do evento, o Rev. Enrique Alva Callupe, presidente do Conselho Evangélico do Peru, expressou sua gratidão em relação à iniciativa. “Esperamos que o exemplo da Igreja Metodista do Peru possa encorajar outras igrejas locais a dar o primeiro passo e adotar integralmente a questão da justiça climática em seu ministério e missão”, afirmou Callupe.

No dia seguinte, 9 de dezembro, na Universidade Antonio Ruiz de Montoya, o coordenador do programa do CMI para Cuidado com a Criação e Justiça Climática e chefe da delegação do CMI na COP 20, Dr Guillermo Kerber, moderou uma mesa redonda sobre o tema “Eco-teologia e diálogo inter-religioso na abordagem de temas ligados ao meio ambiente”.

A atividade foi parte da conferência “COP 20 – Perspectivas do Sul”. Dois membros da delegação do CMI estavam entre os seis oradores do debate.

A Rev. Dra. Grace Jim-Su Kim, pesquisadora da Universidade de Georgetown, Estados Unidos, e membro do Grupo de Trabalho do CMI sobre Mudanças Climáticas, compartilhou como seus estudos sobre teologia comparada estão lhe ajudando a identificar em outras expressões religiosas alguns conceitos fundamentais da fé cristã, como a sabedoria e a compreensão do Espírito Santo. “Entre as questões que deveriam nos unir está também a forte convicção de que a sustentabilidade é um valor de fé”, acrescentou Kim.

Para o Rev. Dr Henrik Grape, responsável da Igreja da Suécia para assuntos ligados ao tema do desenvolvimento sustentável, uma das questões importantes que está em jogo em Lima é como diversos níveis da sociedade civil, como igrejas e organismos ecumênicos, podem participar mais ativamente do processo de mudança das estruturas que causam danos ao meio ambiente. “Chegou a hora das expressões de fé serem mais pró-ativas na discussão em torno das escolhas feitas pela humanidade”, refletiu.

A COP 20 vai até o dia 12 e busca pavimentar o caminho rumo a COP 21, a ser realizada em Paris, França, em 2015, e que, por sua vez, espera-se que seja capaz de aprovar mecanismos legais vinculativos para regular as emissões de gases que causam o efeito estufa e um instrumento de financiamento eficaz que possa auxiliar diretamente na adaptação das comunidades e regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Assim como em Lima, igrejas, comunidades de fé, ao lado da sociedade civil, estarão em Paris pedindo “Justiça Climática para Todos!”

(Fonte: CONIC/Texto Marcelo Schneider – correspondente do CMI)

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