Esquerda na roda discute cenário pós-eleições

Em torno de 25 representantes da sociedade civil, partidos políticos, grupos populares e universidade marcaram presença no evento Esquerda na Roda, organizado pela CESE e Abong na última sexta (5) com o intuito de promover uma roda de diálogo para discutir que lições as forças políticas progressistas podem tirar do processo eleitoral que resultou na reeleição de Dilma Roussef à presidência – com questionamento da legitimidade do processo democrático do qual participaram movimentos sociais e partidos de esquerda.

Diante deste cenário, as organizações entenderam a necessidade de propor um encontro entre parceiros que estão juntos na luta pela defesa de direitos para refletir sobre este momento conjuntural e discutir como fortalecer a consolidação da democracia no Brasil e garantir a participação das forças populares nesse processo.

Vitor Xavier Alcântara, do Levante Popular da Juventude, lembrou da simbologia da escolha da data escolhida para a roda de diálogo: o nascimento de um dos principais organizadores da resistência contra o regime militar, Carlos Marighella (05/12/1911). “Este é um espaço importante para articulação de contatos para fortalecimento de direitos”, avaliou.

Jerônimo da Silva Junior, da Unegro, abordou a importância da quebra do monopólio da representatividade popular por partidos e do fim do financiamento privado de campanhas. “Não só cabe aos partidos representar a população. Precisamos de uma reforma política que atenda essa diversidade que somos. Estamos vivendo período mais democrático da história do Brasil. Nada mais justo que reformular para avançar. Com esse Congresso, não teremos avanços se povo não pressionar por mais direitos, mais democracia”, concluiu, lembrando ainda, no plano regional, da criação do Bope baiano: “a experiência dos Estados passa a largo da proposta de combate ao narcotráfico”, alerta.

Marcos Mendes, do PSOL, discorreu sobre as questões que na sua visão ainda não foram contempladas pelo governo federal, como a reforma agrária, que para ele foi “completamente esquecida”; e as políticas públicas, “negadas à periferia”.“A política de governo está aliada a grupos conversadores do país. A gente precisa desse espaço para rediscutir e, se governo não acordar, vamos romper”, estabelece.

Eliana Rolemberg relatou a dificuldade que a Abong e a Plataforma das OSC pelo Marco Regulatório encontraram para que o candidato eleito ao governo da Bahia (Rui Costa) recebesse a organização para assinar a carta-compromisso que recupera as principais questões levantadas pelas OSC no Estado (no início de outubro, pré-eleições). “Era o momento para estabelecer diálogo com o governo de transição. Agora precisamos encontrar candidato eleito para dialogar, antes de assumir, e colocar questões centrais que queremos ver contempladas pelo governo”, pontua a colaboradora da CESE. “Vamos propor formar conselho de políticas públicas para que sociedade tenha voz e monitore questões que serão colocadas”, sugere Eliana, complementada pelo assessor de projetos da CESE, José Carlos Zanetti. “Não devemos perder esse momento, vamos correr atrás antes do bloco já estar na rua”.

Ainda estiveram presentes na roda de diálogo Sonia Mota, diretora executiva da CESE; Danilo Moura (Instituto Palmares); Maria Vitória Espiñeira (UFBA/ Departamento de Ciências Políticas); Fátima Fróes (Fundação Pedro Calmon); Edmundo Ribeiro (Abong/Cecup/Ceca); vereador Silvio Humberto; Reginaldo de Souza (Rede CAMMPI); José Antonio Pecchia (CEBIC); Marcos Mendes (PSOL); Antonio Emilson (AMPJ); Barbara Alves (FLGBT); Damien Hazard (Vida Brasil/Abong); Lourivânica Soares, representando a deputada Neusa Cadore; José Carvalho (Grupo Tortura Nunca Mais – BA).

 

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