Fórum Ecumênico se debruça sobre posicionamento político de movimentos religiosos

O olhar para a diversidade e o posicionamento de organizações religiosas nas reivindicações sociais e agenda política pautou a edição 2014 do Fórum Ecumênico ACT Aliança Brasil (FE ACT), realizado na manhã desta terça (26), na capital paulista. O tema do evento foi: “Estado Laico e lutas sociais no Brasil real: Qual o papel das igrejas e organismos ecumênicos?”.

A diretora executiva da Cese (organização que integra o FE ACT), Sonia Mota, abriu a reflexão avaliando que este é um tema relevante, especialmente durante o processo eleitoral em curso. “Estamos assistindo a uma instrumentalização das religiões no jogo político, com movimentos que muitas vezes não estão preocupados com a garantia dos direitos, mas com a garantia da eleição, o poder pelo poder. Estamos vendo a instrumentalização das religiões não só como troca de favores, mas também um avanço de fundamentalismos, que tem prejudicado muito a nossa conquista de direitos”, preocupa-se.

Uma das participantes da mesa, a professora da Universidade Estadual Paulista, Sandra Duarte, considera a manifestação de organismos religiosos e ecumênicos como essencial, porque existe uma tentativa de normatização de discursos. “Existe uma estratégia de afirmar um sujeito homogêneo, integrado, como se todos os adeptos religiosos pensassem da mesma forma, mas às vezes não é assim”, relativiza.

Beto de Jesus, secretário de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, compôs a mesa e lembrou que muitas organizações apenas afirmam se pautar na diversidade. “Mas quando vai ver, nem todas as diversidades estão na mesa. Eu chamo isso de higienizar identidades. Não existe metade de direitos humanos, não existe metade de diversidade. E em resposta à pergunta tema da palestra, eu deixo uma provocação: quem cabe no seu todos?”, instiga.

A professora da Unesp destaca que a participação de organizações ecumênicas no cenário político brasileiro ainda precisa ser organizada para além de organizações conservadoras e moralistas. “Mas é importante destacar que grandes organizações religiosas como o Conic já tem se posicionado contra essas posturas conservadoras”, ressalta.

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