Nota da CESE em solidariedade à Escola Nacional Florestan Fernandes-MST

Nos irmanamos às muitas manifestações de solidariedade à Escola de Formação Florestan Fernandes (ENFF), depois que esta foi invadida sem qualquer mandato judicial em Guararema, interior de São Paulo na manhã de ontem, sexta feira, 04 de novembro de 2016. Repudiamos mais este ato, próprio do estado de exceção,

A CESE tem se pronunciado sistematicamente nos momentos mais agudos de agravamento da perda de substância de nossa democracia pela ação de movimentos orquestrados pelos partidos que foram derrotados nas últimas eleições presidenciais em articulação com alguns dos maiores meios de comunicação e a cumplicidade de setores do Judiciário, e que resultou no golpe institucional midiático em fins de agosto deste ano.

A cada dia somos surpreendidos por medidas de rebaixamento de direitos e criminalização dos movimentos sociais. O que aconteceu na invasão da Escola Florestan Fernandes – que é ligada ao MST e à Via Campesina – se inclui no rol dos atos arbitrários de intimidação, do direito democrático de organização e manifestação, tal qual se busca calar a voz dos estudantes inconformados com reformas autoritárias no sistema educacional e a PEC 241, só para mencionar dois alvos mais vistosos do obscurantismo dominante.

O MST e outros movimentos sociais têm sido uma inspiração de resistência para a democracia brasileira. A Escola Florestan Fernandes é um dos centros de formação do conjunto de trabalhadores e especialmente de sua juventude, inclusive de outros países, que se agregam em torno da Via Campesina – na busca de outro desenvolvimento no campo, baseado na agroecologia, por novas relações de gênero e na adoção da agroindústria e tecnologias apropriadas que afirmem o mundo camponês e agricultura familiar, esteio do projeto de segurança alimentar que tirou o Brasil do Mapa da Fome. Como pretendem transformar uma escola com tão significativo projeto de cidadania, que tem parcerias com o poder público, com dezenas de universidades pelo país e convênios internacionais de solidariedade, como as vítimas do desastre no Haiti, em organização criminosa?

Conclamamos os movimentos sociais do campo e da cidade, igrejas, grupos culturais e acadêmicos a também se manifestarem solidariamente à ENFF e ao MST para conter a onda de arbítrio que busca transformar a ação política em crime, tentando deslegitimar perante à opinião pública as lutas por um Brasil mais justo, diverso e democrático.

Salvador, 05 de novembro de 2016
Equipe CESE

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