Novo presidente da CESE traz bagagem em ecumenismo e diálogo interreligioso

Padre da Igreja Católica há quase 30 anos, Marcus Barbosa Guimarães é o novo presidente da CESE no triênio 2015-2018. Com Doutorado na PUC-Rio e Mestrado na Universidade Gregoriana (Roma) – concentração em Teologia Sistemática na área da eclesiologia e missão -, sempre teve trabalho estreitamente ligado a paróquias constituídas de Comunidades Eclesiais de Base. Em 2014 foi convidado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a assumir o posto de assessor no Grupo de Reflexão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso e na Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo. Confira na entrevista a seguir como o novo presidente da CESE pretende levar essa bagagem para a organização.

O senhor poderia contar um pouco de sua trajetória pessoal e profissional até assumir a colocação de presidente da CESE?

Sou Marcus Barbosa Guimarães, 53 anos, nascido em 21 de setembro de 1961, na Baixada Fluminense, Município de Nova Iguaçu- Rio de Janeiro. No próximo 11 de agosto completo 30 anos de Ministério Presbiteral. Sempre trabalhei em Paróquias constituídas de Comunidades Eclesiais de Base. Fiz meus estudos superiores junto aos Jesuítas, no Rio de Janeiro (Filosofia) e aos Franciscanos em Petrópolis (Teologia). Fiz Mestrado em Roma, na Universidade Gregoriana, com concentração em Teologia Sistemática na área da eclesiologia e missão. O doutorado foi na PUC-Rio na mesma perspectiva iniciada no mestrado. Lecionei no Instituto Filosófico-Teológico Paulo VI em Nova Iguaçu, onde ainda hoje continuo como diretor acadêmico e professor no Curso de Teologia Pastoral. Na Diocese de Nova Iguaçu, além de Pároco exerço a missão de Vigário Geral. Para a CNBB fui convidado, no ano passado, por Dom Francisco Biasin, bispo referencial da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, para assumir a missão de assessor da Comissão. Desde então, junto à presidência da CNBB e dos membros da Comissão, temos levado adiante várias iniciativas de formação e ação em prol da unidade dos cristãos e do diálogo entre as religiões no âmbito da Igreja Católica no Brasil.

– Quais foram suas primeiras aproximações com a Coordenadoria Ecumênica de Serviço?

Conheço a CESE pelos inúmeros projetos sociais que ela tem por esse nosso imenso Brasil. Conheci-a primeiramente pelas ações de solidariedade com o povo mais simples e necessitado aqui mesmo na Baixada Fluminense. Impressionante os sinais do Reino de Deus espalhados como sementes que tem mudado muitas vidas e realidades sociais. Acredito na CESE porque, primeiramente, vejo nela uma expressão concreta de unidade de várias Igrejas Cristãs e tradições religiosas e também por procurar cumprir, sempre com muita ousadia, esperança e resistência sua missão de fortalecer inúmeras organizações da sociedade civil, preferencialmente as mais populares.

 – Como percebe os principais desafios que a organização precisa enfrentar rumo à sustentabilidade política e financeira?

A chave é o “pensar juntos”. A partir de nossas variadas convicções religiosas de onde partem o nosso mesmo empenho por um mundo mais justo, tolerante e ambientalmente sustentável, trabalharmos em equipe. Quer chave melhor? Sinto que temos certa urgência em continuar nos empenhando na busca de parcerias com agências e grupos diversos da sociedade e de nossas igrejas que desejam somar forças nas lutas por transformações sociais, políticas e econômicas na atual e delicada conjuntura mundial e brasileira.  Não podemos é nos omitir na voz profética de lembrar a nós mesmos, em primeiro lugar, e às nossas Igrejas e aos diversos setores da sociedade que os pobres estão aí, que a realidade desigual e injusta que nos circunda clama aos céus e a terra dos homens e mulheres por democracia com justiça.

– E as principais perspectivas para superá-los?

Gostaria de acrescentar do imenso valor que tem a comunicação dos trabalhos da CESE. Precisamos divulgar mais, falar mais, expor mais os trabalhos realizados pela organização. Também é necessário o avanço no diálogo e articulação que podemos e devemos fazer na prática ecumênica entre nossas igrejas por um ecumenismo social. O mesmo vale para a relação e diálogo, a partir das necessidades e urgências de nosso povo, com as diferentes religiões, que poderão ser uma expressão visível de uma convivência religiosa plural, tolerante e rica na diversidade, denunciando assim todas as formas de fundamentalismos e violência em nome da religião.

 – Em sua trajetória na CNBB e agora como presidente da CESE, de que maneira pretende estreitar ainda mais os laços entre religião e luta por direitos? Em que medida essa relação é essencial para fortalecer o campo dos direitos humanos na atualidade?

A missão da CESE coloca com clareza e centralidade a questão e o desafio para este nosso século XXI, a saber, a unidade entre as Igrejas e as Religiões para a Paz no mundo, numa dinâmica de despojamento, solidariedade, abertura e alteridade.

Penso que as palavras do Papa Francisco durante sua visita em terras turcas, em novembro de 2014, estabelecem muito bem os laços intrínsecos que existem entre religião e luta por direitos. Ali, Francisco afirma que líderes de várias igrejas e religiões se reconhecem como “irmãos e companheiros de viagem” e assumem o “compromisso de construir uma paz sólida”.  Para ele, é urgente promover o “diálogo inter-religioso, ecumênico e intercultural, a fim de banir todas as formas de fundamentalismo e terrorismo”. Diz ainda: “Ao fanatismo e ao fundamentalismo, às fobias irracionais que incentivam incompreensões e discriminações, é preciso contrapor a solidariedade de todos os crentes – que tenha como pilares o respeito pela vida humana, pela liberdade religiosa, que é a liberdade do culto e liberdade de viver segundo a ética religiosa – o esforço de garantir a todos o necessário para uma vida digna, e o cuidado do meio ambiente”.  Continuemos trilhando, iluminados pelo que existe de melhor em nossas igrejas e religiões, o caminho da Unidade e façamos obras de caridade e justiça juntos!

 

Celebração junina

A eleição da nova diretoria institucional da CESE foi realizada durante a 42ª Assembleia anual da organização (promovida nos dias 11 e 12 de junho de 2015).

Com ambientação dos festejos juninos, a CESE realizou confraternização de celebração de seu aniversário de 42 anos na noite de quinta (11) com a temática “Eu tiro o chapéu”. Por meio da ação, os presentes puderam mostrar seu apoio ao trabalho da Coordenadoria Ecumênica de Serviço no fortalecimento de direitos nos campos de gênero, raça, meio ambiente, comunidades tradicionais e diálogo interreligioso.

O grupo ÁGAPE (composto de jovens poetas do bairro de Sussuarana) também apresentou poesias que abordam a violação de direitos em diversos âmbitos.

 

 

 

 

 

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