O Cardeal da Esperança

A notícia da morte do Cardeal Emérito D. Paulo Evaristo Arns ocorrida hoje, 14 de dezembro, nos trouxe profundo pesar. Apesar de ter vivido recluso nos últimos anos, sua luta incansável pela democracia e seu exemplo de engajamento no diálogo inter-religioso sempre inspirou os movimentos sociais e o movimento ecumênico.

Como esquecer um dos principais nomes do campo religioso na luta contra a ditadura militar? Como esquecer alguém que, junto com o pastor presbiteriano Jaime Wright e o Rabino Henry Sobel, enfrentou as forças repressoras e realizou um ato ecumênico em memória do jornalista Vladimir Herzog assassinado no DOI-CODI? Como esquecer alguém que teve a coragem de participar, outra vez com o seu amigo Rev. Jaime Wright, de um dos projetos mais ousados de sistematização e denúncia das atrocidades cometidas durante os governos militares e que resultou na publicação – Brasil Nunca mais?

Neste momento tão difícil do nosso país, quando direitos estão sendo retirados, quando vimos a constituição ser rasgada, quando vemos pessoas clamando pela volta da ditadura, a vida de pessoas como D.Paulo anima a nossa luta e mantém acesa a chama que nos inspira a seguir em frente.

O Cardeal da Esperança, como ficou carinhosamente conhecido, parte do nosso convívio, mas como a Esperança não morre, continuaremos nos alimentando da sua força, do seu exemplo de fé e do seu compromisso em defesa dos direitos. Seguiremos em frente, em teimosa resistência, contribuindo na reconstrução dos pilares da democracia, do direito, da justiça e da solidariedade.

A CESE une-se aqueles e àquelas que agradecem a Deus pela vida inspiradora e pelo legado deixado pelo Cardeal Arns.

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