[:pb]Programa fortalece movimentos com novas estratégias de incidência política[:en]Program strengthens social movements with new strategies for mobilizing support [:]

[:pb]“Estamos vivendo não só um momento de apagão de energia, mas apagão de estrelas, de humanidade. Espero que o curso acenda o brilho de nossas almas, que precisam ser iluminadas”. É com esse clima e expectativa da liderança Guarani-Kaiwoá de Mato Grosso do Sul, Anastácio Peralta, que teve início a primeira etapa do Curso sobre Incidência Política, realizado entre os dias 1º e 04 de dezembro, na CESE, em Salvador (BA). A iniciativa reuniu representantes 10 organizações populares de diversos segmentos, como trabalhadoras rurais, povos indígenas, movimento ecumênico, juventude e infância, comunidades quilombolas e atingidos pela mineração.

12303945_902052006556330_1050370626591538730_o

O curso aborda ferramentas e conteúdos voltados ao fortalecimento de estratégias de incidência sobre o Estado e também sobre a sociedade, incluindo ações de intervenção em políticas públicas e campanhas. A formação integra o “Virando o Jogo”, programa de apoio ao fortalecimento de organizações nas áreas de mobilização de recursos locais e incidência política, incluindo atividades de formação presenciais e a distância. “Virando o Jogo” é uma iniciativa da agência de cooperação holandesa Wilde Ganzen, em conjunto com Smile Foundation (Índia), KCDF (Quênia) e CESE (Brasil), com o apoio do governo holandês.

Na avaliação da diretora executiva da CESE, Sônia Mota, o curso é importante diante do cenário de retrocesso de direitos que o Brasil está vivenciando. “Ou corremos para que nossa luta seja vista, nossas pautas sejam visibilizadas, ou vamos ficar só correndo atrás do prejuízo. Precisamos aprender e qualificar nossas ações no âmbito de incidência”, considera.

Formação
A metodologia do curso, que foi elaborada conjuntamente com a organização holandesa MDF, envolve elementos da educação popular, incorporando perspectivas críticas sobre a realidade e valorizando o intercâmbio de experiências. Para começar os trabalhos, cada movimento/organização relatou o contexto de lutas de suas realidades, apresentando símbolos de suas comunidades e territórios.

Um leque diversificado de ferramentas foi utilizado para análise de problemas e de soluções, análise de atores envolvidos, priorização de táticas de incidência, fases do processo de elaboração e implementação de políticas públicas e compreensão das diversas etapas de incidência.

Uma mística com danças e cânticos marcou o encerramento da formação, calcada em elementos identitários indígenas e de matriz africana.

DSC_0713

Conhecimento para além da sala de aula
Ao longo desses quatro dias de formação, Josemberg Mendes Souza Morais, do Conselho das Associações Quilombolas do Território de Vitória da Conquista (BA), conta que aprendeu “formas de procurar apoios e a montar estratégias para a luta contra a mineração e a monocultura”. Josemberg também destaca o aprendizado de novas formas de facilitar conteúdos para sua comunidade.

Adquirir novas estratégias e visões de luta para a garantia dos direitos dos povos originários é o legado que Anastácio Peralta acredita levar para Mato Grosso do Sul. “A gente precisa estudar um novo caminho de política indígena. Não há muita novidade nas políticas, desde a chegada dos colonizadores até agora. Para mim é a mesma coisa, ou talvez, até pior, porque hoje não temos terra, peixe e nem o que comer”, coloca na balança. “Tentamos colocar a política do Bem Viver também para mudança, porque precisamos descolonizar os nossos saberes, porque as pessoas estudadas têm mentalidades de colonizadores. Nessa formação estamos a caminho da descolonização e colocando nossos saberes em prática”, pondera a liderança Guarani Kaiwoá sobre o curso.

Próximos passos
Para o ano de 2016, estão previstas mais duas etapas do Curso sobre incidência política, envolvendo o mesmo conjunto de organizações: comunicação e marcos legais; e monitoramento e análise de ações de incidência.[:en]”Today, we are not only living through a power blackout, but also a blackout of stars… of humanity. I hope that this course will lighten up our souls, which need to be illuminated”. The first stage of the Mobilizing Support Course (held at CESE between 1 and 4 December in Salvador, Bahia) began in this climate and with these expectations, as stated by Anastacio Peralta, leader of the Guarani-Kaiowá from Mato Grosso do Sul. The initiative brought together representatives and stakeholders from 10 Civil society organizations and social movements working with various sections of society, including rural workers, indigenous peoples, the ecumenical movement, children and young people, quilombo communities and people affected by mining.

12303945_902052006556330_1050370626591538730_o

The training course includes tools and content designed to Strengthen strategies for mobilizing support aimed at the state and society, including public policy intervention activities and campaigns. The focus is part of the “Virando o Jogo” (Change the Game) support program to strengthen organizations’ political advocacy and local fundraising, and includes both classroom activities and e-learning. “Change the Game” is an initiative of the Dutch foundation (Wilde Ganzen), together with the Smile Foundation (India), KCDF (Kenya) and CESE (Brazil), and is supported by the Dutch government.

According to Sonia Mota, CESE’s Executive Director, the course is significant, given the current retreat of human rights in Brazil. “Either we run now, so that our struggle is noticed and our agenda visible, or we will end up isolated, just running alone, the damage done. We need to learn and improve our efforts in the context of advocacy,” she said.

Training Course           

The course methodology, which was developed jointly with the Dutch organization MDF, involves elements from popular education, incorporating critical perspectives on context, and valuing the exchange of experiences. At the beginning of the training, each movement/organization reported on the context of their struggles, presenting symbols of their communities and territories.

A diverse range of tools was used to analyze problems and solutions, undertake a stakeholder analysis, prioritize advocacy tactics, establish public policy development and  implementation stages, and understand the various advocacy stages.

Dances and chants based on indigenous and Afro-Brazilian elements brought the training to a clos

Knowledge beyond the classroom

Anastacio Peralta believes that the legacy he is taking to Mato Grosso do Sul involves the acquisition of new strategies and visions to guarantee the rights of indigenous peoples. “We need to develop a new way forward for indigenous policies. Not much has changed since the arrival of the colonizers. It feels as if it’s exactly the same, or perhaps even worse, because today we no longer have land, fish or anything to eat.  Unfortunately, we are living from food basket handouts. We try to put the principle of Good Living into practice, as a means for change, because we need to decolonize our knowledge – given that educated people have a colonizer mentality. In this training, we are taking a step towards decolonization and putting our own knowledge into practice,” the Guarani Kaiowá leader said.

Next steps

Two more stages of the course are scheduled for 2016, which will involve the same group of organizations and cover: 1) communication and legal frameworks; and 2) the monitoring and evaluation of advocacy activities.[:]

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *