CESE inicia 2021 com debate sobre como o Brasil se situa na conjuntura internacional

Essa semana (25.01), a CESE retorna oficialmente as atividades, e reúne a equipe executiva para avaliar as ações em 2020 e construir coletivamente uma agenda estratégica para este ano. Ao longo das próximas duas semanas serão realizadas rodas de diálogo que trazem o eixo central: “Pisando firme na corda bamba: Desafios e possibilidades para as lutas por direitos no Brasil.”, com subtemas relacionados aos direitos humanos, democracia e demandas das populações vulnerabilizadas.

O objetivo desses encontros é fazer a reflexão para atuação da organização em 2021, debater internamente os desafios, e trazer insumos para o planejamento. “Como todos os anos, após o período de férias coletivas, nos reunimos para retomada dos processos de avaliação do ano anterior, e também para realizar debates e atividades em grupo sobre os eixos temáticos e linhas de atuação da CESE. Para isso, iniciamos nossas ações com momentos de análise de conjuntura e perspectivas para enfrentamento das injustiças e retrocessos.”, afirma Sônia Mota, diretora executiva da CESE.

A primeira roda de conversa ocorreu na tarde de hoje (27.01) com a pauta: “O Brasil no mundo – Olhares sobre o contexto internacional para melhor compreender o que se passa em nosso país.” Para essa discussão a CESE trouxe como convidados/as: a pesquisadora e educadora, Verônica Ferreira, representante do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e Articulación Feminista MARCOSUR; e o sociólogo e economista, Luiz Ramalho, que trabalha há mais de 40 anos com a cooperação internacional.

Os/as convidados/as trouxeram elementos importantes para caracterizar o momento atual: aumento das desigualdades, aprofundamento os mecanismos do racismo, machismo e (re)domesticação das mulheres, ascensão dos setores de direita e extrema direita, devastação dos direitos, fortalecimento dos fundamentalismos políticos e religiosos, ataque a democracia e sistemas políticos, não só Brasil, mas também na América Latina e em outros países do mundo.

Para Verônica Ferreira, esse cenário de muitos retrocessos e desafios, é em grande medida, uma reação ao avanço das lutas e da nossa constituição como força política: “Há uma correlação de forças que é global e se expressa em vários lugares do mundo. Uma relação de força desigual com tendência de regresso nos avanços sociais. É uma reação sistêmica do patriarcado e do machismo. Uma forte ofensiva contra todas as conquistas, a fim de frear e dar limites ao processo de exploração e expropriação de direitos, de legislação e proteção social.”, afirma a ativista em referência ao crescimento do feminismo e da força política das mulheres.

O debate seguiu também no apontamento de possíveis caminhos para barrar a desvalorização de concepções e valores que estavam garantidos, mas que hoje estão sob forte ameaça. Luiz Ramalho compartilhou experiências internacionais de disputa de valores e ideários com a perspectiva de transformação. E juntamente com Verônica Ferreira, trouxe indicativos de construção da empatia e da solidariedade, do ponto de vista das relações globais e locais, como também a criação de espaços internacionais multilaterais de denúncia e constrangimento político, de forma organizada e potente, para os processos de mudanças necessárias em nosso país.

Os próximos encontros da roda de diálogo “Pisando firme na corda bamba: Desafios e possibilidades para as lutas por direitos no Brasil.” serão: “Desafios e caminhos para as lutas pelo Direito à Terra, Água, Território e Trabalho e Renda no Brasil” e “Desafios e caminhos para as lutas pelo Direito à Cidade no Brasil e pelo Direito à Identidade na Diversidade no Brasil.”