Com apoio da CESE, Associação Cultural Casulo promove intercâmbio cultural entre povos Guarani Kaiowá e população de Dourados-MS

Promover um grande intercâmbio cultural entre os povos Guarani Kaiowá que vivem no entorno de Dourados, no Mato Grosso do Sul, e sua população geral da cidade. Foi este o principal objetivo do projeto Palavras que Curam – Arte da Resistência Guarani Kaiowá, que vem sendo executado na cidade pela Associação Cultural Casulo desde abril. A iniciativa recebeu apoio do Programa de Pequenos Projetos da CESE.

Sua programação incluiu a Pupa Filosófica, espaço de debates que contou com a participação de uma psicóloga, uma enfermeira Guarani Kaiowá e a mestre indígena Teresinha Aquino discutindo em torno do tema “Casas de rezas queimadas e violência contra as guardiãs dos saberes tradicionais”. A comunidade de Teresinha teve sua Casa de Reza queimada em dezembro de 2021, em um ato fundamentalista odioso.

Com apoio da Casulo, a comunidade reconstruiu seu templo. Como forma de agradecimento, a Associação foi convidada para a reinauguração da Casa. Esse momento marcou a realização de mais uma parte da programação do projeto Palavras que Curam, o Festival de Música Indígena, com participação de cinco grupos indígenas de cinco aldeias diferentes.

Ainda dentro do projeto, artistas locais realizaram a Exposição da Vida Kaiowá, que apresentou trabalhos criados a partir do intercâmbio entre artistas indígenas e não indígenas da cidade. No lançamento da Exposição, houve também a exibição de filmes, pequenos documentários produzidos por indígenas em parceria com grupos acadêmicos, além do lançamento de livro um bilingue, traduzido do Guarani para o português.

Artistas também ilustraram o dicionário da língua Guarani Kaiowá que vem sendo produzido por Graciela Chamorro, presidenta da Casulo, em parceria com docentes indígenas e outros estudiosos. Outro momento marcante foi o encontro entre um grupo sul-mato-grossense de dança urbana e as comunidades indígenas de Amambai-MS, que trocaram experiências musicais de canto e dança, entre outros.

“A arte, como várias expressões culturais, entre elas a religião, tem a ver com achar o sentido para a vida. Para nós, a cultura e a arte têm a ver com resistência, sobrevivência, algo essencial. Para nós como entidade, é muito importante se aproximar do modo de viver, de ser, desses povos. Tanto para aprender com eles essa arte, como para apoiar nas suas iniciativas de resistência”, afirma Graciela.

Apoio da CESE

 A Associação Cultural Casulo já é parceira da CESE. Em 2020, o grupo realizou o projeto Caminho das Águas, com objetivo de levar água potável para áreas de retomada indígena. A princípio, o projeto foi pensado para alcançar 500 pessoas, mas depois do apoio recebido através do Programa de Pequenos Projetos, mais de 2500 foram beneficiadas. Foi a primeira vez que a Associação recebeu um apoio desse tipo.

“O Casulo nunca contou com apoio de entidade nenhuma. Até 2020, a gente trabalhava sempre com recursos próprios dos associados e amigos do casulo e de editais eventualmente. Agora novamente, a gente conseguiu ampliar as ações pra poder viabilizar algumas despesas que a gente n tinha recurso – ajudar alguns indígenas a custear habitação, trazer outros de aldeias mais distantes, possibilitando esse intercambio, essas trocas. Então foi de suma importância pra realização e ampliação do projeto. Pra nós, está sendo interessante encontrar essas instituições que dialogam com nossos ideais, que pensam como a gente e tem intenção de fortalecer”, afirma Júlia Aissa Vasconcelos Oliveira, gestora e produtora da Associação.