Comunicadoras indígenas da Amazônia e do Cerrado participam de Oficina de Comunicação com o objetivo de fortalecer seu protagonismo e de suas organizações para defesa e promoção de seus direitos

A CESE, com apoio e financiamento da União Europeia, realizou entre os dias 28 de julho a 25 de agosto, o módulo online da Oficina de comunicação Patak Maymu. A formação reuniu 20 comunicadoras indígenas de 12 organizações dos 11 estados de abrangência do projeto.

A atividade faz parte de uma das ações do projeto “Patak Maymu: Autonomia e participação das mulheres indígenas da Amazônia e do Cerrado na defesa de seus direitos”. As ações do projeto são voltadas para o fortalecimento, protagonismo e autonomia das mulheres indígenas da Amazônia e do Cerrado a partir de atividades de formação e articulação que acontecerão ao decorrer dos três anos de vigência do projeto.

 O encontro virtual contou com quatro módulos: Produção textual, Mídias sociais, Audiovisual e Segurança digital. Tendo por objetivo a qualificação das participantes, para produção de conteúdo próprio, comunicar a luta de seus povos e de seus territórios. Cada módulo foi ministrado por profissionais indígenas que trabalham na área da comunicação, sendo elas: Andreza Baré (Jornalista), Glycya Macuxi (Comunicadora Popular), Priscila Tapajowara (Cineasta) e Ariene Susui (Jornalista). 

Foram 10 dias de oficina onde as participantes viram conceitos de fotografia, redes sociais, produção de vídeo, estrutura da notícia, formatos de postagens, produção de roteiro, manuseio de câmera e configurações, estratégia e tática da segurança da informação, além de dicas de aplicativos de edição.

Criadores de conteúdo indígena vêm ganhando espaço com suas pautas. Algumas das participantes já têm experiência na área, são mulheres que produzem a partir de demandas de seus territórios, fotografias, vídeos e podcasts, essas produções são compartilhadas na internet em redes como: Facebook, Instagram, Twitter, dentre outras.

A formação foi realizada com o objetivo em que as comunicadoras pudessem aprimorar suas técnicas e produzir textos, notícias, legendas, áudios, fotos e vídeos utilizando principalmente o celular.

A segunda etapa das Oficinas acontece de forma presencial em Brasília no mês de Setembro, com módulos de Produção Textual e Audiovisual, ministrados por Andreza Baré e Priscila Tapajowara. Um terceiro momento da ação é a Cobertura Colaborativa que vai acontecer durante a III Marcha das Mulheres Indígenas, onde essas mulheres poderão colocar em  prática todo o conteúdo visto durante o módulo online e presencial.

Milena Barros Guilleto Gavião

O fortalecimento e troca de experiências das participantes, empoderamento e autonomia para que apoiem suas bases e organizações, utilizando a comunicação como ferramenta de luta para defesa de seus territórios de forma estratégica e segura é um dos focos dessa oficina.

Em um cenário de constantes ameaças aos povos originários, desmatamento e ataques a esses povos por garimpeiros e fazendeiros, o acesso à internet e redes sociais tem sido um aliado importante, somando com a luta e resistência desses povos.

Apesar dos desafios enfrentados como internet instável e celular com pouca qualidade, essas mulheres mostram habilidades e interesse em partilhar e adquirir conhecimentos na área. O acesso a mídias digitais tem sido uma ferramenta fundamental para que fortaleçam sua presença em debates públicos e as utilizem como canais de transmissão de seus costumes, podendo assim contar suas histórias através de seus olhares, suas lentes, celulares e através de suas escritas e percepção do mundo. 

Sobre o Projeto 

O projeto Patak Maymu tem a duração de 36 meses. Nesse período, acontecerão atividades de formação, comunicação e apoio a projetos, buscando contemplar a diversidade das mulheres indígenas e organizações mistas, incluindo a juventude e indígenas no contexto urbano. 

O projeto tem 11 estados de abrangência: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. E conta com a parceria da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira – UMIAB , Takiná -Organização de Mulheres Indígenas de Mato Grosso, Mulheres Indígenas Xakriabá, e Guarani kaiowá e Fundo Indígena da Amazônia Brasileira – Podáali. 

Essa iniciativa fortalece a capacidade de articulação das organizações entre si e com outros segmentos a partir das atividades de formação e articulação que acontecerão em encontros inter-regionais e microrregionais.

É uma iniciativa da CESECoordenadoria Ecumênica de Serviço, com apoio e financiamento da  União Europeia.