Contra o fascismo e a opressão, 8M reúne centenas de mulheres em Salvador

Atos públicos, manifestações, passeatas e rodas de conversa aconteceram neste último domingo, 8 de março, em várias cidades do Brasil como parte da luta das mulheres. Em Salvador, o grupo 8M, articulação composta por diversos movimentos e organizações de mulheres, se uniram com objetivo de realizar ações para potencializar e fortalecer a representatividade das mulheres na política e nas eleições de 2020. Reunidas no Cristo da Barra, as instituições dos diversos setores organizados trouxeram o tema “Política: Palavra Feminina – Representatividade das Mulheres no espaço de Poder” propondo uma reflexão sobre as mulheres e o mundo da política.

Com o céu nublado, as trabalhadoras saíram às ruas com palavras de ordem cartazes, faixas, músicas, danças e outras ferramentas para passar mensagem à população contra o machismo, o racismo, a LGBTQfobia e todo tipo de opressão sofrida pelas mulheres. Foi um ato construído pelo movimento autônomo de mulheres, sobretudo, pelo movimento de mulheres negras, mas também se somaram ao ato movimentos de juventude, organizações de direitos humanos, universidades e centrais sindicais.

Além do tema oficial, as manifestantes levaram suas bandeiras pelo direito aos seus corpos, combate ao racismo religioso, direito à educação e saúde e contra a gestão do presidente Jair Bolsonaro. A justiça pelo assassinato vereadora Marielle Franco também foi cobrada na manifestação, que no dia 14 deste mês completa-se dois anos.

O descontentamento com atual governo brasileiro foi expressamente apresentado pelas mulheres, sejam nas suas falas, nas estampas das camisetas e nos instrumentos de comunicação impressos. Para Lindinalva de Paula, da Rede de Mulheres Negras da Bahia, há uma percepção de que a unidade a partir da organização e estruturação dos movimentos de mulheres e das mulheres negras é uma das saídas para combater o fascismo: “ Só vamos conseguir derrubar o fascismo desse governo retrógrado, que diminui os direitos, caça a nossa liberdade e, incita a violência e o ódio a partir da nossa afetividade. Estamos discutindo e reconfigurando o movimento organizado de mulheres para garantir e manter a democracia. ”, afirmou Lindinalva.

As trabalhadoras da CESE juntaram-se as centenas de militantes para clamar contra todas violações de direitos sofridas pelas mulheres. Para Viviane Hermida, assessora de Projetos e Formação, a participação direta da organização no ato é de grande importância: “Para a CESE, o entendimento é de que não há direitos humanos e democracia sem a plena participação e garantia de direitos das mulheres.  O 8M é umas das datas mais importantes de lutas das mulheres. Além de apoiar essa marcha e várias outras ações de fortalecimento por todo o país, estamos todas aqui para afirmar que não podemos mais aceitar retrocessos de direitos, discurso de ódio, misoginia que é inclusive incentivado pelo presidente da República. ”, informou Viviane. E completou: “Também a forte presença de mulheres negras e dos setores populares na frente dessa organização que reforça papel da CESE de apoiar essa movimentação. ”.