Pesquisador e diretor do instituto internacional Middle East Monitor (MEMO Internacional), Daud Abdullah lançou nesta quinta-feira (18) o seu livro “Engajando o Mundo – A construção da política externa do Hamas” em uma roda de conversa com o tema “A resistência palestina em busca da paz – Histórico e realidade atual”, realizada no auditório da CESE.
A roda de conversa foi uma iniciativa conjunta das organizações CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço, Centro Cultural Islâmico da Bahia, CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras, VIDA Brasil, Monitor do Oriente Médio e Editora MEMO.
Abdullah é editor especializado no tema da Palestina. Seu livro recupera momentos históricos que fizeram com que o Hamas passasse a ter um papel mais relevante na política palestina, chegando, inclusive, a vencer eleições diretas para presidência em 2006 e a ocupar a maioria dos assentos do parlamento, mas também aponta momentos de atuação política para fora do território palestino.
Ele pontua que a sua obra não é livre de críticas ao Hamas, mas ressalta a importância de ouvir essas pessoas, que é o que ele faz, ao entrevistar lideranças do movimento. “Se você lê uma notícia de um jornal ocidental mainstream sobre o Hamas, é muito provável que a palavra ‘terrorista’ esteja lá. É importante ouvir essas pessoas, saber como elas veem a si mesmas, quais são suas esperanças”.
Abdullah considera o que acontece há décadas entre Israel e a Palestina é um outro apartheid. “Todas as organizações internacionais já declararam isso – Anistia Internacional, Human Rights Watch, etc. Este regime não está condicionado a um lugar geográfico, como aconteceu em África do Sul. Há apartheid em qualquer lugar que haja discriminação de uma raça sobre outra, violência institucional.
Ele critica a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) relacionada ao tema, mas exalta países como o Brasil, que tem um histórico de posicionamentos favoráveis ao povo palestino, quando em discussões realizadas na ONU.
Abdullah está na Bahia também para realizar pesquisas sobre a história dos malês, com visitas e entrevistas, para seu próximo trabalho, além de participar de atividades acadêmicas em Salvador e Cachoeira. Seguirá depois para debates e lançamentos em São Paulo.
Além do debate sobre a Palestina e lançamento do livro em Salvador, o primeiro no Brasil, o evento incluiu uma apresentação do Portal e Editora MEMO, com a presença de Rita Freire, editora sênior do Monitor. O portal é dedicado a cobrir e divulgar ao público brasileiro informações do Oriente Médio e reflexões de articulistas brasileiros e internacionais sobre os acontecimentos e problemas da região. A Editora MEMO integra o projeto no campo da produção literária e documental.
“Sequer nossas conexões – enquanto América Latina – com o mundo Árabe são tratadas, porque nós recebemos uma informação que já vem empacotada para a gente saber quem devemos conhecer ou odiar na história ou mesmo como interpretar os fatos. O MEMO aborda um conjunto de informações sobre o Oriente Médio que geralmente a gente não tem acesso, e por isso já se tornou referência no assunto”, afirma Rita
Sônia Mota, diretora executiva da CESE, destacou o evento enquanto uma oportunidade de beber de uma fonte riquíssima sobre um tema tão importante, mas também um momento de afeto e solidariedade.
Damien Hazard, da Vida Brasil, afirmou que o que acontece na Palestina é um dos maiores exemplos de violação de direitos humanos de um povo, mas também de resistência. “Nos reunimos aqui para trocar, debater, mas também para expressar nossa solidariedade com o povo palestino, enquanto sociedade baiana e brasileira.”