Exposição é aberta com ciclo de debates sobre impactos da mineração

Debater na sociedade o modelo mineral brasileiro, construir o contraponto e a resistência às propostas desenvolvimentistas, e lutar pela soberania popular foram às alternativas discutidas na abertura da Exposição Do rio que era doce às águas do semiárido: Contradições do modelo mineral, durante Ciclo de Debates da Mineração no Congresso Da UFBA.

A roda de conversa aconteceu nesta manhã (17 de outubro), na Biblioteca Central da UFBA, e contou com a exposição dialogada das seguintes representações: Sônia Mota da CESE; Beni Carvalho da Comissão Pastoral da Terra-BA;  Lucas Zenha do GeografAR / UFBA; Moema Miranda – Sinfrajupe e Comitê Nacional Em Defesa dos Territórios Frente a Mineração; e Magno Costa do Movimento pela Soberania Popular na Mineração.

Diante do maior desastre ambiental do Brasil, que aconteceu em Mariana – MG, no ano de 2015, associado a outros crimes e devastações decorrentes da atividade mineradora no país, movimentos sociais e organizações populares se reuniram para discutir as mais variadas formas de violações de direitos: com o meio ambiente, com questões trabalhistas e de saúde, com populações tradicionais e demarcações de território, entre outros, que atingem, sobretudo às mulheres, indígenas e a população negra.

Lucas Zenha abre a roda de conversa relatando sobre a impunidade e o descaso das autoridades com o crime/tragédia de Mariana. E apresenta como as maquetes e cartazes da exposição mostram a contaminação da água e rejeitos de minérios que se espalharam pelos rios.

Para Moema Miranda, após o rompimento da barragem em Mariana, o drama da extração mineral deixou de ser tema sentido e vivido apenas pelas regiões e cidades diretamente afetadas.  O tema ganhou força no debate nacional, a partir de outras dimensões: “Ampliamos o debate para além das áreas afetadas. Estamos em articulação com outros movimentos para evidenciar que apropriação privada das riquezas minerais, que demoraram mais de 13 bilhões de anos para serem produzidos pela natureza, tem que ser discutida junto com as populações.” E completa: “Temos que discutir o ritmo de extração mineral, os critérios e as responsabilidades para a construção da soberania popular”.

Com esse mesmo argumento, Beni Carvalho expôs dados sobre a violência do capital mineral, a condições do Brasil de capital periférico e a luta de classe, no modelo que prega a falsa ideologia de progresso e desenvolvimento.  Como completo, Magno Costa, informa que é preciso construir um projeto popular para o País, que não negue a mineração, mas que de forma estratégica discuta a soberania, enquanto povo: “Temos um papel político e organizativo de trazer essa discussão para as comunidades. Que modelo de mineração nós queremos? Como queremos a utilização dos bens minerais em beneficio das populações?”.

Participando também do debate, Sônia Mota reafirma o compromisso da CESE de fortalecer a organização e a luta dos movimentos e organizações populares frente à mineração: “Enquanto entidade de direito, é extremamente importante apoiar discussões e ações de incidência para a construção de país mais justo, democrático e menos mineral ”.

Confira a programação completa dos ciclo de debates e rodas de conversa: