MAB: Com o lema “A Vale destrói, o povo constrói”, população afetada por rompimentos de barragens pede justiça 

No dia 20 de janeiro, atingidos por barragens participaram de um ato em Belo Horizonte (MG) para dar largada à “Marcha dos Atingidos: 1 ano do crime da Vale em Brumadinho”.

A caravana, que durou seis dias, começou pelo município de Pompéu, no interior do estado, e chegou até a região metropolitana de BH, passando por Juatuba, Citrolândia, São Joaquim de Bicas e Betim. No sábado (25), data em que a tragédia completou um ano, aconteceram atos e atividades de homenagem às vítimas no Córrego do Feijão (comunidade onde houve o rompimento) e no centro da cidade de Brumadinho.

Cerca de 350 atingidos das bacias do Rio Doce e Paraopeba marcharam até a sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais para denunciar a omissão do TJMG em fazer justiça aos atingidos pelos crimes da mineração no estado.

“A equipe da Vale esteve na minha casa e comprovou que eu estou dentro da quilometragem atingida. Até hoje, eu não consegui ter nenhum comprovante de endereço, nem mesmo no posto de saúde, faz cinco anos que moro no Vale do Sol. Estou desempregada, não sei mais o que fazer com isso”, explica a atingida Maria Oricedina.

De acordo com Joceli Andreoli, da coordenação nacional do MAB, o movimento pede o reconhecimento da população afetada, contratação de Assessorias Técnicas independentes (que são equipes de profissionais que produzem informações qualificadas para os atingidos), reparação integral dos crimes e participação popular nas negociações.

Após protocolar um ofício com reinvindicações dos atingidos, o ato seguiu para a sede da Agência Nacional de Mineração (ANM), onde foi destacada a importância de mudança no modelo exploratório da mineração no país.

“Queremos denunciar o padrão de violação de direitos humanos nos grandes empreendimentos, morreram mais de 300 pessoas nos últimos quatro anos, entre Mariana e Brumadinho”, explica Soniamara Maranho, da coordenação do MAB.

Dentre os temas de denúncia do crime na bacia do rio Paraopeba, a marcha propôs debater: a questão das perdas econômicas nas cidades dependentes do rio; o surgimento de doenças (de pele e problemas gastrointestinais, além do aprofundamento da problemática com relação às doenças mentais); a poluição do rio com os rejeitos da lama tóxica; a continuidade das buscas dos 11 corpos das vítimas que ainda não foram encontradas.

#NãoFoiAcidente #SomosTodosAtingidxs!

Em Salvador (BA), a Igreja Batista Nazareth organizou uma celebração, em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), pela memória das vítimas e solidariedade aos familiares. “Cada ação ou omissão nossa permite que as coisas sejam feitas de um jeito ou de outro. Se você vê uma situação de injustiça e fica calado diante dela, está sendo conivente com aquilo. Será que Deus legitima a ganância e o desejo desenfreado de lucro de umas poucas pessoas? Ao contrário, nós conhecemos um Deus que se incomoda com a injustiça”, lembrou o pastor Joel Jeferino em sua mensagem aos participantes, convidando todos e todas a estarem atentos para aquilo que depõe contra a vontade de Deus “em nome do poder e da opressão”.

Fonte MAB – Fotos de  : @jokamadruga @gui.weimann e Coletivo de Comunicação do MAB

Cobertura da Marcha em @Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)