Um espaço de resistência e valorização da história, cultura e tradições do povo Xakriabá
Espaços memoriais são fundamentais para a preservação da identidade cultural e histórica dos povos. Eles funcionam como guardiões de saberes ancestrais, lutas, conquistas e práticas cotidianas que definem uma comunidade. Para os povos indígenas, que enfrentam desafios históricos e contemporâneos relacionados à demarcação de terras e à afirmação de sua identidade, esses espaços são essenciais para manter vivas as memórias coletivas e compartilhar seus saberes com as futuras gerações e com a sociedade em geral.
O Memorial Indígena Xakriabá, localizado na aldeia Riacho dos Buritis, em Minas Gerais, é um exemplo dessa luta pela preservação cultural e fortalecimento da identidade. Segundo Marinete Xakriabá, vereadora e presidenta da Associação Indígena Xakriabá Aldeia Riacho dos Buritis e Adjacências (Aixarba), a iniciativa surgiu a partir de uma viagem ao Mato Grosso do Sul, para o Encontro de Mulheres Indígenas do Cerrado, realizado pela Cese, onde conheceu um memorial do povo Terena. Inspirada pela experiência, levou a ideia para a comunidade e, com o apoio da associação local, desenvolveram o projeto.


Para as mulheres Xakriabás de Riacho dos Buritis e Adjacência, esse projeto foi fundamental, para que elas tivessem um ambiente seguro. Marinete afirma que o memorial tem sido um lugar de visita e pesquisa, além de ser um espaço que guarda a memória Xakriabá. “É muito importante para manter viva a nossa cultura, os nossos cantos, as nossas danças, as nossas pinturas. A partir dessa ideia, colocamos em assembleia e o projeto foi escrito para criar o nosso memorial Xakriabá”, afirma.
Um Espaço de Resistência e Cultura
O memorial Memória Viva Huminixã surgiu como uma iniciativa para garantir a continuidade da cultura e história do povo Xakriabá, promovendo sua valorização e fortalecimento. Esse projeto é uma extensão do trabalho já desenvolvido por mulheres da comunidade, incluindo mães, professoras de cultura e artesãs, que utilizam o artesanato não apenas como meio de sustento, mas também como forma de manter viva a identidade cultural do povo.
A construção do memorial permite que a história Xakriabá seja registrada e transmitida, resgatando a memória de seus ancestrais e destacando a relevância da cultura indígena no Brasil. No espaço, são valorizadas as produções artesanais, os instrumentos musicais, as ferramentas tradicionais de trabalho, o uso das plantas medicinais e a preservação do território. Além disso, o local se tornou um centro de educação e pesquisa, aberto para visitantes, pesquisadores e demais interessados em conhecer mais sobre o povo Xakriabá.

“Hoje temos um espaço seguro e inclusivo para os membros da nossa comunidade compartilharem suas histórias e experiências. Esse memorial representa a resistência do nosso povo e a continuidade das nossas tradições.” – Marinete Xakriabá
O projeto tem como propósito preservar e valorizar a cultura, a história e as tradições do povo Xakriabá, além de conscientizar a sociedade sobre seu modo de vida, expressões artísticas, música e dança. Busca também criar um ambiente seguro e acolhedor para que a comunidade compartilhe suas vivências, promovendo o respeito e a cooperação entre os Xakriabá e o público em geral. Além disso, visa estimular oportunidades econômicas por meio da comercialização de artesanato e alimentos tradicionais.
Para alcançar esses objetivos, foram desenvolvidas diversas ações, como oficinas de artesanato, pesquisas comunitárias para a criação de materiais informativos, a estruturação de um espaço voltado à recepção de visitantes e à exposição de elementos culturais, além da organização de um dia cultural dedicado à celebração das tradições Xakriabá.
Desafios e Resultados
Como todo projeto, a construção do memorial enfrentou desafios, como dificuldades logísticas na aquisição de materiais e mudanças na diretoria da associação durante o processo. No entanto, a comunidade superou esses obstáculos e obteve resultados significativos.
“Foi um desafio grande, principalmente pela distância da nossa comunidade da cidade, mas não desistimos. Hoje, ver a juventude engajada, participando das oficinas e visitando o memorial, é um resultado muito positivo para nós.” – Marinete Xakriabá
Além da participação ativa da juventude, o memorial já atraiu visitantes de outros estados, fortalecendo o reconhecimento da cultura Xakriabá no Brasil.


“Temos a honra de receber visitas de pessoas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e de outros lugares que vêm conhecer nossa história e nossa cultura. Recentemente, a Caravana Resgatando o Sorriso, com apoio da banda Sorriso Maroto, esteve aqui registrando nossos cantos e nosso espaço.”
Impacto e Continuidade
O Memorial Indígena Xakriabá se tornou um centro de referência cultural para a comunidade, garantindo que a cultura e a memória do povo sejam preservadas para as futuras gerações. A participação ativa da escola local e a parceria com a associação comunitária são fundamentais para dar continuidade ao projeto.
“Nosso memorial está lindo, mas ele não para por aqui. Ainda estamos coletando histórias, registrando memórias em áudio e vídeo, e queremos expandir esse espaço cada vez mais.”
Esse projeto representa um passo importante na luta pela valorização e preservação da identidade indígena. Mais do que um espaço físico, o memorial é um símbolo da resistência Xakriabá e da continuidade de sua cultura.
Apoio e fomento
O apoio da Cese foi fundamental para a realização do projeto “Memória Viva Huminixã”. Sem esse suporte, seria impossível executar tantas atividades e alcançar os resultados que temos hoje. Além disso, o apoio fortalece nossa comunidade, pois demonstra que estamos sendo vistos e apoiados em nossa luta pela preservação da nossa cultura e pelos direitos do nosso povo. Já tivemos outros projetos apoiados pela Cese e, a cada novo apoio, nossa capacidade de transformação e melhoria da qualidade de vida da nossa comunidade só cresce.
A CESE, desde sua fundação, reafirma seu compromisso com a luta indígena por direitos culturais e territoriais. O movimento indígena brasileiro tem sido uma força essencial na mobilização social, enfrentando retrocessos democráticos, promovendo a proteção ambiental e reivindicando justiça social.
Programa de Pequenos Projetos
Desde a sua fundação, a CESE definiu o apoio a pequenos projetos como a sua principal estratégia de ação para fortalecer a luta dos movimentos populares por direitos no Brasil.
Quer enviar um projeto para a CESE? Aqui uma lista com 10 exemplos de iniciativas que podem ser apoiadas:
1. Oficinas ou cursos de formação
2. Encontros e seminários
3. Campanhas
4. Atividades de produção, geração de renda, extrativismo
5. Manejo e defesa de águas, florestas, biomas
6. Mobilizações e atos públicos
7. Intercâmbios – troca de experiências
8. Produção e veiculação de materiais pedagógicos e informativos como cartilhas, cartazes, livros, vídeos, materiais impressos e/ou em formato digital
9. Ações de comunicação em geral
10. Atividades de planejamento e outras ações de fortalecimento da organização
Clique aqui para enviar seu projeto!
Mas se você ainda tiver alguma dúvida, clica aqui!