Música e Direitos Humanos: 4ª edição lota o Teatro Alves
19 de abril de 2018
A 4ª edição do Show Música e Direitos Humanos teve os ingressos esgotados e o resultado resplandeceu durante o espetáculo: casa cheia, com 1.500 lugares preenchidos, para celebrar o trabalho da CESE e o concerto inédito, em Salvador (BA), entre a Orkestra Rumpilezz e o cantor e compositor Gilberto Gil. Toda renda do espetáculo será revertida para os projetos sociais que a CESE apoia.



A edição deste ano foi especial, já que a CESE completa 45 anos de atuação em todo o Brasil. Para registrar essa marca na história da organização, este ano o Projeto Música e Direitos Humanos trouxe um diferencial: um ensaio aberto para jovens da Rumpilezzinho (iniciativa de inclusão social por meio da música, promovida pela Orkestra Rumpilezz) e de projetos apoiados pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Acopamec, GAEEC, Levante Popular da Juventude e Reprotai).
Dando continuidade à comemoração, foi relançada neste ano a cartilha sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para ampliar o alcance do material, também foi realizada, no dia do show (14/04), no foyer do Teatro Castro Alves, exposição celebrativa dos 70 anos da Declaração Internacional dos Direitos Humanos. O público presente pode entrar em contato com os 30 artigos da Cartilha de DH, que teve design gráfico elaborado pela Bamboo Editora.



A apresentadora da TVE, Vânia Dias, acolheu a plateia, apresentando o trabalho da CESE, o Projeto e as atrações que viriam a seguir. A Orkestra Rumpilezz abriu as apresentações, com seu grupo orquestral que reúne percussão e sopros, dando protagonismo à música ancestral baiana, vindas dos terreiros de candomblé, sob influência do jazz moderno. Em seguida,Gil juntou-se ao conjunto e entoou sucessos como “Aqui e agora”; “Logunedé”; a “Raça Humana”, “A Paz” e “Balafon”.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.