Projeto apoiado pela CESE fortalece estratégias da Rede de Mulheres Negras do Nordeste

Mulheres negras do Nordeste mais articuladas e com atuação política e social mais fortalecidas para enfrentar as vulnerabilidades geradas pelo racismo, sexismo, violência doméstica, entre outros. Esse é o compromisso da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, articulação nascida em 2013, integrando grupos e coletivos de mulheres a partir de uma provocação do Instituto Odara.

O projeto Mulheres Negras do Nordeste desafiando contextos adversos ao fortalecimento de sua base recebeu apoio do Programa de Pequenos Projetos da CESE. O projeto contribuiu para a consolidação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, enquanto influente sujeito político no Brasil com diretrizes e ferramentas estratégicas construídas coletivamente que promovam seu desenvolvimento institucional. A articulação vivenciou um processo de discussão e sistematização de um Planejamento Estratégico.

O plano de Comunicação foi arquitetado de modo a favorecer a visibilidade da agenda da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, a captação de recursos, a comunicação entre as organizações da rede e a narrativa das mulheres negras, além de apresentar noções para o uso de ferramentas de comunicação para ativismo digital.

Criada com o objetivo de aproximar pautas e agendas comuns entre mulheres negras, a Rede também tem a demanda de se fortalecer, enquanto instituição e a sua capacidade de ação e conexão. Entre as motivações que impulsionaram a criação da Rede, destaca-se o conjunto de características comuns na condição de vulnerabilidade social das mulheres negras nos estados do Nordeste – explicitadas pelo racismo, os altos índices de feminicídio, violência doméstica, negligência de direitos sexuais e reprodutivos, baixo acesso e garantia de direitos etc. – e a invisibilidade dos movimentos de mulheres negras nos próprios estados do Nordeste e demais regiões do Brasil.

“A rede faz essa conexão entre todos os estados, com o sentido de fortalecer essas entidades, de promover e fomentar a criação de outros coletivos de mulheres. Não só coletivos, mas também outras mulheres e que elas possam estar dentro dessa rede contribuindo”, afirma a presidenta da rede, Haldaci Regina da Silva.

A luta pelo bem viver norteia as ações da rede de forma conectada nos oito dos nove estados do Nordeste (há representações na Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Sergipe). “A gente tem lutado para esse bem viver através de uma boa educação, através da cultura, saúde, menos violência contra as mulheres. É uma pauta que é recorrente a todas as mulheres negras do Nordeste, uma das nossas demandas comuns. Mesmo que a gente possa estar em estados diferentes, o território apresenta uma pauta comum. Por isso, a rede tem essa importância de articulação, de provocação. Também de troca, de vivência, de troca de experiência, de fortalecer e fomentar as experiências dos outros grupos”, acrescentou a liderança.

Ação articulada – A Rede de Mulheres Negras do Nordeste atua junto aos coletivos, organizações e militantes nas lutas contra o racismo, sexismo e lesbofobia. Para concretizar esse objetivo, a articulação realiza ações integradas de incidência política e formação. Na trajetória da instituição, destaca-se a agenda anual do Julho das Pretas e a participação na história Marcha das Mulheres Negras, em 2015.

O apoio da CESE tornou possível para a Rede a realização do planejamento estratégico, integrado a um processo formativo para as participantes sobre Comunicação e Mobilização de Recursos, e também possibilitou o planejamento de comunicação, gerando o desenvolvimento do site da rede. “A rede vai ter um encontro em breve com a nova coordenação, eleita pelo coletivo e que será ratificada. Nesse momento, o planejamento estratégico é um produto importantíssimo, de onde saem as demandas políticas de todo o Nordeste, bem como as demandas sociais, econômica, de articulação e de construção”.

Uma preocupação revelada na construção do planejamento é o ano eleitoral de 2022, absolutamente atípico e pouco previsível. “Nos preocupamos sobre como vai ser a participação das mulheres negras nas eleições, como a gente pode criar campanhas de mulheres pra votar em mulheres negras, fomentar e discutir quais são as pautas que os parlamentares estão propondo nessa eleição. Quais são as pautas que são voltadas para as mulheres negras?” acrescenta a presidente. Diante do cenário político nacional, a rede vê com grande atenção o modo como são construídas políticas públicas e como elas afetam a vida das mulheres negras, além do agravamento das condições de vida dessa população.

O planejamento estratégico reafirmou a importância do Julho das Pretas, como um espaço de formação, articulação e discussão política “É um momento de grande mobilização e organização das mulheres negras aqui no Nordeste. A pauta que a gente quer discutir é a questão mesmo dessa representatividade, da importância das mulheres se situarem nesse contexto das eleições, para que as nossas pautas políticas possam também estar dentro dessa pauta maior”, conclui.