Projeto de mulheres minimiza impactos negativos da COVID em Salvador

Com apoio da CESE, o Coletivo Mulheres, Políticas Públicas e Sociedade – MUPPS ofereceu suporte para mulheres moradoras de bairros periféricos de Salvador

Mulheres moradoras dos bairros de Cajazeiras, Águas Claras, Periperi e Pernambués tiveram um apoio para enfrentar o período mais agudo de isolamento e os impactos socioeconômicos gerados pela pandemia. Pensado pelo Coletivo Mulheres, Políticas Públicas e Sociedade – MUPPS, o projeto Intitulado Mulheres Conectadas em Movimento para Minimizar os Impactos Negativos da COVID-19 prestou assistência com distribuição de cesta básica para 50 mulheres de baixa renda dessas localidades visando diminuir a situação da fome e necessidades básicas da família.

Contemplado pelo Programa de Pequenos Projetos da CESE, o coletivo atendeu prioritariamente mulheres negras, de baixa renda e residentes em bairros populares da cidade de Salvador, chefes de família ou que perderam seus postos de trabalho como consequência do isolamento social causado pela COVID-19. A cesta básica contou com itens alimentares não perecíveis, perecíveis (hortifruti) e produtos de higiene e limpeza.

Além disso, o MUPPS realizou campanha nas mídias sociais sobre mudanças de atitudes que auxiliam na prevenção da contaminação pelo coronavírus e sobre boas práticas para higienização adequada dos alimentos. Através do projeto, o coletivo organizou, publicou e distribuiu um livro digital sobre aproveitamento de alimentos, dicas sobre prevenção a doenças virais e autocuidado visando aumentar o nível de conhecimento das mulheres e suas famílias sobre higiene e saúde preventiva no contexto da COVID-19.

“O projeto executado teve o eixo de ação política, educativa e de conscientização através da realização e promoção de lives com mulheres que atuaram diretamente no enfrentamento à COVID-19 como palestrantes e a elaboração e distribuição de uma cartilha intitulada Aprendendo sobre Prevenção ao Covid-19, que incluiu receitas simples que auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico e exercícios de respiração para melhor desempenho da capacidade respiratória.”, explicou a articuladora social e integrante do MUPPS, Maíse Silva.

De acordo com a ativista, “a parceria com a CESE possibilitou a ampliação de parcerias do MUPPS com outras Instituições e Coletivos de Mulheres.  Segundo ela, a cooperação tornou possível uma ampla parceria para realização da campanha Meu Ciclo, Minha Vida – realizada em âmbito nacional no mês de outubro/2021, em parceria com sete organizações lideradas por mulheres – e que trata sobre pobreza menstrual; convite para participar da Comunidade de Prática do programa Doar para Transformar, além de fortalecimento do próprio Coletivo quanto a sua atuação.

Mulheres e Políticas Públicas – Maíse afirma que os projetos executados pelo MUPPS são voltados para mulheres. “Buscamos também observar a proporcionalidade quanto à raça, uma vez que a população de mulheres negras na cidade de Salvador é bem expressiva.” No contexto da pandemia na capital baiana, um marcador importante foi o decreto publicado pelo Governo do Estado da Bahia, no dia 13 de março de 2020, isolando socialmente toda cidade de Salvador, visando a prevenção e proteção da população, devido a elevada taxa de mortalidade ocasionada pela contaminação pelo COVID-19.

Segundo a ativista, “esse ato resultou em consequências econômicas negativas para as mulheres, chefes de famílias em particular.  Especialmente as mulheres negras, que são residentes da periferia urbana e bairros de baixa renda que vivem com trabalho informal ou subemprego, se depararam com a impossibilidade de contar com a renda mensal que permitia sua sobrevivência e dos seus filhos e filhas. As mulheres foram as mais afetadas pelo desemprego”.

Dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia indicam que 53% das pessoas desempregadas na Região Metropolitana de Salvador pertencem ao sexo feminino e 93% são negros e negras. Essas constatações motivaram a vontade de fazer uma intervenção junto às famílias chefiadas por mulheres, observando que naquele período, aumentou assustadoramente o número de famílias chefiadas por mulheres que ficaram impossibilitadas de fazer três refeições ao dia.

O Coletivo MUPPS, articulação da sociedade civil voltada para a defesa de direitos e formação política de mulheres, atua de forma multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar propondo ações que contribuam para superação das desigualdades de gênero e promovam a libertação das opressões que envolvem as mulheres buscando incidir de modo objetivo em sua realidade material e política.

O coletivo nasceu em julho de 2019 com a finalidade de promover um amplo olhar para a mulher evidenciando sua raça, classe, religiosidade, cultura, educação, saúde, violência e diversidade, entendendo que não há como vencer a onda conservadora, nem como superar o sistema capitalista e as amplas reformas na sociedade de maneira individual.