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Trabalhadoras rurais em marcha: CESE apoia organizações de mulheres na Marcha das Margaridas de 2023

Sete organizações de trabalhadoras rurais de cinco estados diferentes foram apoiadas pela CESE através do Programas Projetos na Marcha das Margaridas de 2023. O evento ocorreu entre 15 e 16 agosto, em Brasília. Foram mais de 100 mil pessoas engajadas no tema desse ano: Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver.

A marcha ocorre desde 2000, inspirada na luta da sindicalista e defensora dos direitos humanos Margarida Maria Alves. Ela foi uma liderança sindical da Paraíba e desempenhou um papel fundamental na organização dos trabalhadores rurais na região.

A trabalhadora foi assassinada em 1983, quando saía de casa para o trabalho, após ameaças de fazendeiros. Sua morte tornou-se um símbolo da necessidade de combater a violência no campo. O legado dela continua a inspirar ativistas e defensores de direitos até hoje.

Algumas representantes das diferentes organizações apoiadas puderam relatar suas experiências com a mobilização política dessa edição.

Ampliação da luta

Lidiã Santos, secretaria de mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ouro Branco- Alagoas, destaca que um dos aspectos mais importantes da marcha é a possibilidade de as trabalhadoras rurais se posicionarem politicamente em relação ao feminismo e às questões cotidianas da vida no campo.

Através do apoio da CESE, as jovens, mulheres e dirigentes do sindicato puderam comparecer ao evento. Lidiã relembra: “Foi um misto de emoções, eu estava coordenando 25 mulheres, muitas agricultoras que saíram do campo. Eu tinha medo de perder alguma delas no meio de mais de 150 mil mulheres. Era a primeira vez que muitas delas estavam saindo do território. Foi muito emocionante ver elas se emocionando, descobrindo o poder que tem”.

Trabalhadoras rurais de Ouro Branco-AL na Marcha das Margaridas. Foto cedida por Lidiã Santos.

A secretaria conta que a Marcha foi uma experiência para construir diálogos políticos. Ela lembra que na preparação, foram feitos dois encontros preparativos para discutir os eixos, o papel da marcha e a política feminina. Nesse sentido, confirma a ampliação da capacidade de mobilização da organização: “A nossa relação com a CESE foi uma descoberta gratificante. Antes não tínhamos condições de levar tantas mulheres, eram no máximo umas três ou quatro. Com a marcha desse ano, muitas mulheres também passaram a querer contribuir com o sindicato e levar esse conhecimento para outras organizações que participam”.

Emancipação das trabalhadoras

Elizete Maria da Silva coordena o Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste. Ela acumula uma extensa na trajetória da luta das mulheres do campo em Pernambuco.

“Medo nós tem, mas não usa”. Foto cedida por Elizete da Silva

A ativista acredita na importância da marcha para a formação e emancipação política das trabalhadoras rurais: “A Marcha das Margaridas hoje é internacional. A partir dela podemos ser vistas como sujeitos de direito de fato. Porque antes nós mulheres do campo, das águas e das florestas ficávamos muito isoladas umas das outras. A marcha permite que nos juntemos para discutir políticas públicas, alimento saudável, escola, sementes e nosso território. Daqui a 2,3 meses já trabalhamos a próxima marcha que ocorre em 4 anos. É a possibilidade de tirar as mulheres do contexto de violência e de colocar as sementes da libertação.

Vanguarda dos movimentos

Adriana Vieira, do Rio Grande do Norte, é coordenadora nacional da Marcha Mundial das Mulheres e faz parte da comissão ampliada que organiza a Marcha das Margaridas. Ela destaca o papel do evento em estar na vanguarda das denúncias dos temas caros aos movimentos sociais: “A Marcha das Margaridas sempre inaugura um calendário de lutas para o ano seguinte, denunciando o momento de lutas daquele ano. São várias ações importantes no protagonismo. No início dos anos 2000 pautamos a questão da seca, das cisternas, da necessidade de titulação conjunta nas áreas de assentamento e vimos tudo isso se transformarem políticas públicas após a reivindicação. Em 2015 anunciamos a iminência do golpe e em 2019 fomos um dos primeiros movimentos a se levantar contra a extrema direita.

Mulheres da Marcha Mundial das Mulheres. Foto de Natália Blanco, cedida por Adriana Vieira

Adriana reverbera a fala de esperança sobre as próximas edições da marcha: “Nesse ano, esperávamos 100 mil mulheres e foram muito mais. Dava para ver pela quantidade de gente, pelo aumento nos alojamentos. Além do que esperávamos. Foi o primeiro encontro depois da pandemia, um reencontro com a esperança. Cada passo é uma possibilidade de construção do Brasil. A Marcha das Margaridas sempre impressiona.”