CESE reúne Movimentos Sociais para processo de PlanejamentoCESE MEETS THE SOCIAL MOVEMENTS TO DISCUSS ITS PLANNING PROCESS

Nos últimos dias 9 e 10, a CESE convidou representantes de movimentos nacionais comprometidos com a causa da transformação social para o Encontro CESE e Movimentos Sociais. O objetivo do encontro, que acontece a cada dois anos, é de consultar os principais grupos sociais e parceiros para que incidam sobre o planejamento da organização.

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Os movimentos trazem elementos para que a CESE possa posicionar-se de forma estratégica na luta por direitos no país – afinal, é através dessa articulação e do diálogo que a CESE define as prioridades de seu apoio”, afirma Sônia Gomes, Diretora Executiva.

Uma das questões principais discutida pelo grupo foi o fundamentalismo religioso e a consequente ameaça aos direitos que seu crescimento, principalmente no campo político e midiático, tem representado no Brasil. Silvia Camurça, da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), afirmou que há hoje no Brasil uma “aliança liberal fundamentalista” forte, que atua através da troca de favores. “Essa aliança existe como força política dentro do Congresso, do Judiciário e outros setores. Eles falam das mesmas coisas, não se criticam mutuamente e votam juntos. Você nunca verá algum neo-pentecostal falando mal do agronegócio. E a Bíblia acaba sendo utilizada para justificar os interesses desses grupos políticos”.

João Paulo, do Movimento Sem Terra (MST), lembrou da perigosa influência do fundamentalismo e sectarismo na juventude – principal responsável pelas manifestações ocorridas em 2013 – e seu papel em um novo ciclo de organização social. “A juventude virou um espaço de disputa dos setores mais conservadores. A tese clássica de que ela, por natureza, é progressista, não é sempre válida. Na medida em que é disputada pelo grande capital, pelos meios de comunicação dominante, nós podemos ter uma juventude com ideias completamente conservadoras”, alertou.

Provocados pela CESE, o grupo trouxe diversas contribuições que serão levadas para o processo de planejamento da organização. A posição da CESE enquanto fundo independente de apoio a projetos no país apareceu como questão crucial para os próximos anos. Essa estratégia, afirmaram, é importante para garantir a autonomia política e independência dos movimentos sociais. Para além disso, a CESE deve investir no fortalecimento das capacidades de comunicação, mobilização e incidência política de seus parceiros.

Sônia refletiu sobre a importância desse processo de construção a partir das demandas dos movimentos sociais. “As reflexões e insumos trazidos pelos nossos parceiros nos quatro encontros anteriores foram muito relevantes na vida da CESE, contribuindo e provocando para que pudéssemos fortalecer e ampliar algumas ações. Continuamos com o principal objetivo de estabelecer um diálogo que produza ideias e insumos para o próximo planejamento da nossa organização, que começará a ser construído em breve. Queremos que este planejamento tenha um caráter estratégico e que possibilite à CESE permanecer muito sintonizada com as percepções e demandas dos movimentos sociais, pois consideramos esta sintonia fundamental para o fortalecimento dos movimentos e das suas lutas”, afirmou.

Participaram também representantes do Movimento Negro Unificado (MNU), Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (CONAQ), Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), FE-ACT, Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS), Movimento Nacional de População de Rua (MNPR), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU) e Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Confira as fotos em nossa página no Facebook.On the ninth and tenth of this month, CESE invited representatives from national movements committed to the cause of social transformation to the CESE and Social Movements Meeting.  The aim of the meeting, which takes place every 2 years, is to consult the principal social groups and their partners to provide input to the organization’s planning process.

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“The movements raise issues so that CESE can position itself strategically in the struggle for rights in this country – in the end, it is through this networking and dialogue that CESE defines its priorities for support”, declared Sônia Gomes, Executive Director.

One of the main issues discussed by the group was religious fundamentalism and the consequent threat to rights, whose growth, principally in politics and the media, is significant in Brazil.  Silvia Camurça, from the Brazilian Women’s Coalition (Articulação de Mulheres Brasileiras: AMB) stated that there is a strong “liberal-fundamentalist alliance” in Brazil today which operates by exchanging favours.  “This alliance exists as a political force within Congress, the Judiciary and in other sectors.  They talk about the same things, they do not criticize each other and they vote together.  You will never see a Neo-Pentecostal speaking ill of Agribusiness.  And the Bible is used to justify the interests of these political groups.”

João Paulo, from the Landless Movement (Movimento Sem Terra: MST), reminded us of the dangerous influence of fundamentalism and sectarianism on young people – principally responsible for the 2013 demonstrations – and their role in a new cycle of social organization. “Young people have become a target group for the most conservative sectors.  The classic theory is that, by their very nature, the young are progressive, but this is not always true. As long as they are targeted by large-scale capital, by the dominant media, we could have young people with entirely conservative ideas”, he warned.

Encouraged by CESE, the group provided a range of contributions, which will be included in the organization’s planning process.  CESE’s position as an independent foundation to support projects across the country was considered a crucial issue for future years.  This strategy, they asserted, is important in guaranteeing the social movements’ political autonomy and independence.  Furthermore, CESE must invest in strengthening its partners’ communication, mobilization and political advocacy skills.

Sônia reflected on how important it is for this process of construction to start with the demands of the social movements.  “The reflections and input provided by our partners in the four previous meetings were highly significant to CESE’s development, providing contributions and encouraging us to strengthen and extend certain activities.  Our main objective continues to be establishing dialogue that produces ideas and input for our organization’s next round of planning, which we will soon begin to construct.  We would like this planning to be of a strategic nature and to enable CESE to remain in tune with the perceptions and demands of the social movements, since we consider such synchronicity essential to strengthening the movements and their struggles”, she declared.

Participants included representatives from the Unified Black Movement (Movimento Negro Unificado: MNU), the National Commission for the Coordination of Black Rural Quilombola Communities (Comissão Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas: CONAQ), the National Human Rights Movement (Movimento Nacional de Direitos Humanos: MNDH), FE-ACT, the Movement of Rural Women (Movimento de Mulheres Camponesas: MMC), the Movement of People Affected by Dams (Movimento dos Atingidos por Barragens: MAB), the Small-scale Farmers’ Movement (Movimento dos Pequenos Agricultores: MPA), the Semi-Arid Coalition (Articulação do Semi-Árido: ASA), the Brazilian Forum of NGOs and Social Movements for the Environment and Development (Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento: FBOMS), the National Movement of the Homeless Population (Movimento Nacional de População de Rua: MNPR), the Brazilian Solidarity Economy Forum (Fórum Brasileiro de Economia Solidária: FBES), the National Forum for Urban Reform (Fórum Nacional da Reforma Urbana: FNRU) and the National Campaign for the Right to Education (Campanha Nacional pelo Direito à Educação: CNDE).

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