ROSA MARGA ROTHE, uma guerreira na luta pelos Direitos Humanos

Todo ano, no dia 10 de dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Ordem dos Advogados do Brasil/PA (OAB) premia uma pessoa que tenha se destacado na defesa dos direitos humanos com o Prêmio JOSÉ CARLOS CASTRO. No ano de comemoração dos 60 anos da Declaração e 20 anos da Constituição Federal, o prêmio homenageou a Pastora Luterana ROSA MARGA ROTHE, que já teve sua trajetória em prol dos Direitos Humanos reconhecida em 2004, quando foi agraciada com o Prêmio Direitos Humanos da Presidência da República, na categoria "Segurança Pública", por indicação da Secretaria Especial de Direitos Humanos.

O evento de premiação da OAB aconteceu na praça, em frente à sede da instituição, onde estiveram crianças, jovens, pessoas idosas e militantes pela defesa dos direitos humanos – como a própria Rosa Marga – em união pelo laço de esperança na construção de um novo mundo, justo, solidário e fraterno.  

 

ROSA MARGA ROTHE nasceu em 01.06.1940 na Alemanha, migrou com a família para o Brasil e, após duas décadas em Teófilo Otoni, Minas Gerais, fixou residência em Belém, onde se naturalizou (brasileira e paraense por opção). Estudou Teologia na Universidade Federal do Pará e é Especialista e mestra em Antropologia Social. Sua paixão pelo Brasil a envolveu de corpo e alma na luta pelos direitos e a levou, entre tantas outras coisas, a fundar a Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos.

A história de Marga Rothe se confunde com a luta pelo retorno da democracia e pelo fim da ditadura militar. A Pastora esteve à frente da criação e consolidação de iniciativas de grande importância nesse processo. Foi ativista no Movimento pela Libertação dos Presos do Araguaia (MLPA) onde coordenou a comissão ecumênica que foi sementeira do espírito ecumênico na região do Pará ao envolver cristãs e cristãos, de diferentes tradições, transcendendo as fronteiras nacionais, unidos luta por direitos universais e pela dignidade humana.

No seu envolvimento com a MLPA coordenou a coleta de mais de 50 mil assinaturas, perante o Tribunal de Justiça Militar, pela libertação de 15 presos do Araguaia. Entre eles dois padres franceses – Aistides Camio e Francisco Gouriuo – ambos enquadrados na "Lei de Segurança Nacional", sob alegação do uso de textos subversivos, um dos quais era o "Cântico de Maria" e o outro seria o conteúdo de uma pregação do padre Aristides. O padre Francisco deveria ser expulso, (assim como o padre Aristides) porque andava na companhia daquele e distribuía folhas com "cantos subversivos" nas missas. A Lei de Segurança Nacional, por cuja abolição lutavam todas as pessoas conscientes, acabou sendo atenuada graças à repercussão que o MLPA conseguiu alcançar naquele momento.

A Pastora fundou, ainda, a Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos e, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, fundou a Paróquia de Confissão Luterana, em Belém. No Centro de Intercâmbio de Pesquisas e Estudos Econômicos e Sociais (CIPES) a Pastora Marga Rosa coordenou a equipe de Educação Popular, promovendo alfabetização de adultos (método Paulo Freire). Mas sua capacidade de articulação e ativismo foi muito mais além, ela Participou na criação do Instituto Universidade Popular, em 1987 onde atuou na educação para a cidadania, coordenando o Núcleo de Estudos Ecumênicos; foi Co-fundadora do Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs – CAIC – que em 1998 iniciou o Curso Ecumênico de Teologia; foi Presidente da Associação Amazônica de Ciências Humanas e da Religião de 2004 até dezembro 2007; Sócio-fundadora e conselheira de KOINONIA – Presença Ecumênica e Serviço, com sede no Rio de Janeiro e Filiada da Associação de Teólogos do Terceiro Mundo – EATWOT com sede atual em Pretória, África do Sul.

Marga sempre foi uma parceira especial e apoiadora da idéia da CESE em seu ecumenismo de serviço. Participou de análise, como consultora externa, de projetos de trabalho em rede, no concurso à primeira edição do PAE- Programa de Apoio Estratégico dessa entidade.

Incansável, a Pastora foi a 1ª Ouvidora do Sistema Estadual de Segurança Pública do Pará, por indicação da Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos – SDDH, com apoio da sociedade civil, tendo concluído o 4° mandato em julho 2005. Como Ouvidora participou de várias iniciativas pioneiras no estado do Pará, tais como:

  • A criação do Programa de Proteção de Vítimas e Testemunhas no Pará tendo sido Vice-Presidente do Conselho Deliberativo, de cujo Conselho foi vice-presidente.
  • O programa de Proteção para Defensores de Direitos Humanos
  • Integrou a Campanha Estadual Contra a Tortura e coordenou a elaboração da primeira e da segunda edição da Cartilha "Tortura – Vamos combatê-la", que inusitadamente, contou com a participação do Conselho de Segurança Pública do Estado, das Corregedorias das policias civil e militar, do Ministério Público estadual, Tribunal de Justiça estadual, Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa  do Estado, Comissão Justiça e Paz, do CEDECA, do MMCC e da OAB.
  • Presidiu o Fórum Nacional de Ouvidores de Polícia 2003 a 2004.
  • Coordenou a pesquisa "Segurança Pública: Novos Instrumentos e Herança Popular" e a edição de uma cartilha popular, sobre Segurança Pública, lançada em agosto 2005 pela UNAMA.

 

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