CESE E CEBIC repudiam depredação em terreiro de candomblé em Juazeiro (BA)

A CESE- Coordenadoria Ecumênica de Serviço e o CEBIC – Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs vêm a público expressar seu repúdio e indignação diante do ataque ao terreiro de candomblé Ilê Abasy de Oiá Gnan, situado em Juazeiro (Bahia), realizado no dia 26 de agosto.

Segundo mídias locais, o local foi apedrejado durante todo o dia. Assustada, a yalorixá Adelaide Santos, de 66 anos, precisou ser retirada por familiares do terreiro que conduz há mais de quatro décadas para evitar uma crise de hipertensão.

A expressão de intolerância religiosa contra o Ilê Abasy de Oiá Gnan não foi um episódio isolado. Os ataques ao terreiro vêm acontecendo desde 2015, quando o local também sofreu arrombamento e as paredes foram pintadas com cruzes.

É com preocupação que recebemos mais essa notícia de violências impetradas a terreiros de candomblé. A agressão se insere em um cenário de crescentes retrocessos de direitos no Brasil e de fortalecimento do fundamentalismo religioso.  Também revela uma das facetas do racismo: o religioso, que se baseia em um processo histórico de exclusão e negação das religiosidades de matriz africana. Atos de intolerância religiosa se espalham pelo Brasil e o Estado da Bahia é um dos Estados com maior número de casos. Conforme dados da SEPROMI, entre 2013 e 2018 houve 135 ocorrências. Só este ano já foram 29 casos.

Como organizações ecumênicas, CESE e CEBIC não podem compactuar nem se calar diante desses atos de vandalismo.  Somos organizações formadas por igrejas que dialogam ecumenicamente e não podemos aceitar nenhum tipo de intolerância e violência em nome da fé em Jesus Cristo.  Reconhecemos o direito à liberdade religiosa e prezamos pelo respeito entre as religiões, porque o Cristo em que cremos nos ensinou o amor e a convivência com a pluralidade.

CESE e CEBIC cobram posicionamento imediato da Secretaria de Segurança Pública, a fim de que sejam assegurados os direitos à cultura e liberdade religiosa, ambos garantidos na Constituição Brasileira.  Para nós, além de identificar é preciso responsabilizar quem realiza tais atos de violência. Além disso, é necessário que se faça uma profunda discussão sobre o papel da religião na sociedade brasileira.

Queremos expressar nossa solidariedade, nosso amor fraternal e sororal a todas as comunidades religiosas afro-brasileiras, aqui em especial ao terreiro de candomblé Ilê Abasy de Oiá Gnan, e assumimos o compromisso de denunciar atos de intolerância, promover  o diálogo para a superação dos preconceitos e reafirmamos o estado laico como condição essencial para a promoção do respeito entre as religiões.

CESE e CEBIC

Mais informações:

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