Feira de Sabores e Saberes promove troca e intercâmbio de experiências

Foi aberta ao público, na manhã da última sexta-feira (09), a Feira de Sabores e Saberes, da Cáritas Brasileira Nordeste III em parceria com a CESE. Com a participação de experiências de empreendimentos solidários e populares, os visitantes puderam conhecer os grupos, saborear alimentos, adquirir produtos artesanais e se divertir com a música, poesias e apresentações do Sarau da Onça, Grupo de Hip Hop da Casa do Sol e Percussão do MOCA.

A ação integra a programação da Semana da Solidariedade, e foi composta por diversos grupos populares (entre eles Quilombo Rio dos Macacos, REDEMOINHO – Cooperativa de Comércio Justo e Solidário, Associação Lagoa Negra, Grupo Produtivo de Artesanato, Rede de Mulheres do Jacuípe, Levante Popular da Juventude, Movimento de Cultura Popular do Subúrbio, Movimento de Pescadores e Pescadoras da Ilha de Maré), que comercializaram itens gastronômicos como pão de macaxeira, bolacha de tapioca e batata doce, sequilhos, castanhas, mel, cocadas e compotas de frutas, além de artesanatos em cerâmica, sisal, crochê, bordados, bolsas, livreiros e bonecas.

Além das produções, cada grupo trouxe nos materiais comercializados a luta e a história do seu povo. Leilane Domitilla Souza trouxe para a Feira de Sabores e Saberes a arte das mulheres indígenas do Coletivo de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós (PA): “Através do artesanato indígena, buscamos uma independência financeira e uma fonte de renda para as mulheres. Viver da arte e do que produzimos é fundamental não só para não sairmos do nosso território, mas também para manter a floresta em pé.”.

Marizélia Lopes, do Movimento de Pescadores e Pescadoras da Ilha de Maré (BA), partilhou com os visitantes como a utilização de espaços como a feira é importante para a comunidade resistir pelo direito à manifestação da cultura e modos de vida: “A Feira é um instrumento de resistência. Não é só um produto, é a história da gente. Todas as comunidades pesqueiras têm dificuldade de comercialização. Por isso temos que potencializar esses espaços, visibilizar”, afirmou Marizélia.

A exposição dos produtos trouxe também a discussão sobre a alimentação orgânica e a agroecologia como promotoras da saúde, da soberania e da sustentabilidade. Francisco dos Santos, do Movimento de Pequenos Agricultores (SE), descreveu sistema produtivo do arroz e defendeu a comercialização que promove o bem viver da sociedade: “Neste cenário de retrocessos é muito importante participar de espaços como estes, em que podemos divulgar o nosso produto e nossa capacidade de produção. É uma oportunidade de mostrar para a sociedade que a produção agroecológica não degrada o meio ambiente  e não põe veneno na mesa do consumidor.”.

O evento também integrou a roda de conversa sobre o protagonismo das mulheres na construção de uma outra economia inspirada na solidariedade e no compartilhamento, e lançamentos dos vídeos documentários Sem medo de ser mulher e Convivência com Semiárido.

A Feira de Sabores e Saberes foi criada com o objetivo de ser um espaço de vivência, visibilidade e troca sobre a temática da Economia Solidária. O evento ocorreu entre os dias 09 e 10 de novembro, no Museu de Artes da Bahia, em Salvador (BA), com apoio da agência  MISEREOR, obra episcopal da Igreja Católica da Alemanha.