A CESE realizou sua 52ª Assembleia Anual, nos dias 12 e 13 de junho. A atividade contou com a presença da atual Diretoria Institucional, Conselho Fiscal, representantes das Igrejas Membro, e de outros organismos convidados.
A reunião aconteceu em Salvador-BA, no CTL – Centro de Treinamento de Líderes.
Vínculos que fortalecem territórios
A visita a comunidades apoiadas que enfrentam violações de direitos e resistem e lutam por uma vida mais digna é uma tradição nas Assembleias da CESE. Um dos seus intuitos é aproximar as igrejas membro da luta dos movimentos populares, além de proporcionar que essas lideranças reverberem os relatos das comunidades em suas igrejas. Neste ano, no dia 12, as comissões se dividiram em dois grupos para conhecer de perto iniciativas apoiadas pelo Programa de Pequenos Projetos (PPP), ambas com forte atuação na defesa do Direito à Cidade, em Salvador-BA.
Cooperativa de Reciclagem e Serviços do Estado da Bahia – COOPERES
Um dos grupos visitou a Cooperativa de Reciclagem e Serviços do Estado da Bahia (COOPERES), criada em 2007 no Subúrbio Ferroviário da capital baiana. A cooperativa tem como missão gerar trabalho e renda para catadoras e catadores, contribuindo com a inclusão social e a conservação ambiental a partir da gestão popular de resíduos.
Elias Santos, presidente da cooperativa, ressaltou o impacto do apoio da CESE no fortalecimento da estrutura da COOPERES e na garantia de dignidade para seus trabalhadores: “A CESE nos ajuda a manter nossa estrutura viva. Para quem vive da reciclagem, contar com esse tipo de apoio é fundamental para garantir dignidade, respeito e seguir em frente com o nosso trabalho.”
A visita também gerou reflexões sobre o racismo e o machismo estruturais que atravessam a vida de catadoras e catadores, em especial das mulheres negras, muitas vezes invisibilizadas. A luta da COOPERES, portanto, vai além da reciclagem: é também por reconhecimento, justiça e equidade de raça e gênero – pilares essenciais para a construção de uma cidade mais justa e inclusiva.
Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe – REDE CAMMPI
Outro grupo visitou a Rede CAMMPI (Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe), uma articulação comunitária que reúne movimentos sociais, coletivos e grupos populares da região. Parceira histórica da CESE, a Rede é reconhecida como um espaço legitimado pela comunidade para construir e gerir sua própria agenda territorial, com atuação destacada na defesa de direitos relacionados à educação infantil, cultura, arte-educação, meio ambiente, conservação ambiental e geração de renda.
A visita à CAMMPI foi dividida em dois momentos. O primeiro aconteceu na Escola Comunitária Luiza Mahin, vinculada à Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia. A escola é referência nacional em práticas de educação antirracista e comunitária, promovendo o fortalecimento das identidades negras e o pertencimento das crianças a partir de uma pedagogia comprometida com a realidade local.
Em seguida, os/as participantes conheceram o Espaço Cultural Alagados, no bairro do Uruguai. Mantido pela Rede CAMMPI, o local é um exemplo de gestão pública e comunitária construída coletivamente entre a comunidade e o poder público. Hoje, é um ponto de referência na promoção da cultura, da cidadania e da resistência no território. No local, houve uma roda de conversa de como o apoio da CESE tem sido importante para a rede e as organizações que a compõe.
Sônia Dias Ribeiro, psicopedagoga da Escola Luiza Mahin e integrante da CAMMPI, emocionou com sua fala sobre a trajetória da parceria com a CESE: ”Essa parceria entre a Rede CAMMPI e a CESE é de longa data – e, para nós, isso é de suma importância. Quando comemoramos os 25 anos da CAMMPI, fizemos um entrelaço, porque a CESE foi o nosso esqueleto e a nossa alma. Tínhamos toda a boa vontade, mas nos faltava um parceiro. A CESE foi quem acreditou nos nossos sonhos e investiu neles. Até então, era a gente falando para nós mesmos.”
Com a CESE, ganhamos força regional e conseguimos expandir para o campo nacional. É uma parceria onde as questões financeiras ficam em segundo plano diante da luta por um mundo melhor. Para nós, é fundamental receber a CESE, ir até a CESE, e caminhar juntos por uma sociedade com equidade – para crianças, jovens, mulheres. Porque na Rede, o que não falta é campo fértil.”
Além de Sônia Dias, estiverem presentes outros/as representantes da Rede Cammpi – integrantes do CAMA (Centro de Arte e Meio Ambiente), – https://cama.org.br/ , da Adocci (Associação de Doceiras, Cozinheiras e Confeiteiras de Itapagipe), da REPROTAI (Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe) , da Escola Comunitária Luiza Mahin e do Banco Comunitário Santa Luzia – Umoja.
‘’Como reverenda da IEAB venho falar da maravilha que foi estar aqui de conhecer este projeto apoiado pela CESE. Foi uma grande emoção ver a participação das crianças na escola Maria Filipa, onde se vê a importância da sua história e da ancestralidade que elas trouxeram até aqui. Os projetos apoiados pela CESE trazem sempre o acesso aos direitos humanos e esse reconhecimento da importância de cada pessoa na construção da sua história e da cidadania. Deus esteja sempre iluminando as pessoas que estão na equipe da CESE para continuar sendo essa protagonista tão importante na história das nossas igrejas e da vida de tantas pessoas apoiadas’’, afirmou a Revda. Dilce Regina Paiva de Oliveira, da IEAB.
‘’Foi uma satisfação muito grande poder representar a Igreja Presbiteriana Unida em mais uma Assembleia da CESE. Levo daqui muitas experiências positivas. Visitar um projeto apoiado pela CESE foi muito importante porque a gente interage com as pessoas beneficiadas e conhece, na prática, a defesa dos direitos humanos. A CESE é uma extensão da atividade das nossas igrejas. Por tudo isso eu volto para casa muito feliz grato a Deus e com uma esperança renovada. O Ecumenismo tem uma função muito importante no nosso mundo que é levar esperança e juntos realizar essa missão’’, ressaltou o Rev. Francisco Benedito Leite, da Igreja Presbiteriana Unida – IPU.
No retorno, uma roda de diálogo, mediada pelas assessoras de projetos e formação da CESE – Rosana Fernandes e Marcella Gomez, trouxe reflexões e trocas entre os dois grupos sobre as visitas. E, para encerrar o dia, a CESE promoveu um forró de confraternização, reunindo a diretoria, conselho fiscal e equipe executiva.
Carta da Assembleia e participação das igrejas
No segundo dia, a coordenação executiva apresentou o RELATÓRIO INSTITUCIONAL E FINANCEIRO, ambos aprovados por unanimidade, e redigiu a CARTA DA ASSEMBLEIA, em apoio às lutas e resistências dos projetos apoiados.
Participaram da 51ª Assembleia Geral Ordinária da CESE enquanto representantes da Aliança de Batistas do Brasil: Pastora Camila Leite Oliver, Pastor Bruno Moreira da Silva Clemente de Aguiar e Srta. Gilvaneide José dos Santos; pela Igreja Católica Apostólica Romana:Sra. Maria Della Giustina, Pe. Marcus Barbosa Guimarães e Cônego José Bizon; pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil: Bispo João Câncio Peixoto Filho, Pastor Luciano Sousa Neves e Pastora Dilce Regina Paiva de Oliveira; pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil: Pastor Odair Airton Braun , Pastor Sidney Retz e Sra. Meirlyane Peters; Pela Igreja Presbiteriana Independente do Brasil: Presba. Eleni Rodrigues Mender Rangel, Rev. Carlos Roberto Pereira da Silva e Rev. Jurandi Abreu dos Santos; e pela Igreja Presbiteriana Unida do Brasil: Sra.Luliane Silva dos Santos, Rev. Francisco Benedito Leite e Presbítera Anita Sue Wright Torres. Também estiveram presentes, como convidadas:
A Sra. Julia Esther Castro França, pelo Processo de Articulação e Diálogo (PAD) e a Bispa Magda Cristina Guedes Pereira pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC.
O Rev. Carlos Roberto Pereira da Silva (IPIB) declarou, ao final da Assembleia: ‘’A participação da IPI no Brasil aqui nesta Assembleia 2025 foi um momento de muita unidade, participação nos eventos que CESE coordena aqui na Bahia. Então, estou muito contente também com a comunhão aqui com os irmãos e irmãs dos projetos apoiados, da CESE e das Igrejas membro, em Cristo Jesus’’.
Como representante da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, é uma alegria poder participar da Assembleia CESE. A CESE tem feito um trabalho excepcional, um profundo testemunho daquilo que é a vontade do Senhor nosso Deus, daquilo que é a orientação de Jesus Cristo, citando o Evangelho de João 10,10: eu vim para que todos tenham vida plena, digna e abundante. Esse tripé revela o plano de trabalho daquilo que é a vontade e o desejo da orientação de Jesus para nossa vida como igrejas, como membros, como pessoas batizadas. Nós somos desafiados e chamados a participar e caminhar juntos. Nessa tarefa, a CESE tem sido um baluarte, uma expressão muito profunda de dedicação, de amor, de se voltar e de se preocupar com o bem-estar e a vida plena e digna de todas as pessoas. Isso se revela na construção de espaços de acolhimento, na construção de espaços de paz, na construção de vida digna para os menos favorecidos. Vida longa à CESE! Vida abençoada para aqueles que servem, atuam e que nela trabalham! Vida abençoada para aquelas pessoas que são alcançadas e que têm a sua vida transformada por meio das ações que a CESE desenvolve”, afirmou o Pastor Odair Airton Braun.
