Uma noite para ficar na história: CESE celebra arte, ancestralidade e direitos humanos

No dia 4 de abril de 2025, a Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, foi palco de um encontro inesquecível entre música e defesa de direitos. A 5ª edição do show Música & Direitos Humanos, promovido pela CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço, reuniu cerca de 5.000 pessoas para assistir à apresentação inédita de Marisa Monte ao lado da Orquestra Afrosinfônica, sob regência do Maestro Ubiratan Marques.

Com ingressos esgotados e a plateia em êxtase, o espetáculo celebrou não só a beleza da arte, mas também o poder transformador da cultura na luta por justiça social. Toda a renda do evento foi revertida para o Programa de Pequenos Projetos da CESE, que apoia iniciativas de organizações populares em comunidades rurais e urbanas de todo o país.

Uma experiência musical e política

A noite teve início com a força e a sofisticação sonora da Orquestra Afrosinfônica, cujos arranjos ecoaram ancestralidade, identidade e resistência. Em seguida, Marisa Monte subiu ao palco, e o público embarcou numa jornada musical repleta de emoções. O repertório percorreu os maiores sucessos da cantora como Magamalabares, Vilarejo, Ainda Bem, Velha Infância, Beija Eu e clássicos como Preciso Me Encontrar e Carinhoso, envoltos em arranjos afro-orquestrais que exaltaram a riqueza da música brasileira.

Com a força da sua ancestralidade indígena a jovem cantora e poeta Beatriz Tuxá, que integra a equipe CESE,  deu as boas-vindas ao público sob o  toque do seu maracá ,  celebrando também o mês das culturas e lutas dos povos indígenas.

A música como mensagem e resistência

Para Sônia Mota, diretora-executiva da CESE, o evento simboliza a união entre beleza e conscientização: “O projeto Música & Direitos Humanos tem esse objetivo: fazer com que, através de um show, as pessoas possam também refletir sobre a importância de continuar atuando em defesa e na promoção de direitos.”, declara a diretora.

Outro propósito da iniciativa é mobilizar recursos locais para a organização. Para Sônia Mota, essa luta não é fácil. São muitos os desafios para conseguir apoio financeiro com tantas ações e demandas que chegam de toda parte do país. “Recebemos mais de 800 propostas por ano e apoiamos cerca de 300. São poucas as parcerias voltadas para os direitos humanos no Brasil, pois infelizmente ainda existe muita desinformação e preconceito.”.

Para ela a música, com sua leveza e alegria, ajuda a pautar as resistências das populações vulnerabilizadas: “Porque a alegria também é uma forma de resistência. E a música tem essa capacidade de chegar com profundidade nas casas, nos corações, com uma mensagem potente sobre as lutas sociais.”, conclui Sônia.

O maestro Ubiratan Marques também refletiu sobre a conexão entre cultura e direitos: “Somos uma orquestra com a cara da Bahia, com a cara do Brasil, que nasce do ativismo. Gostaríamos de agradecer a todos os movimentos sociais que estão aqui, ao movimento negro, quilombola e indígena. A Afronsinfônica só existe por causa deles. Ela tem esse propósito e nasce para cuidar dos nossos jardins, da nossa gente, do nosso povo.”

Nos momentos finais da apresentação, Marisa Monte emocionou o público com suas palavras:

“Muito obrigada à CESE. A gente está nesse encontro ajudando muita gente, em uma noite totalmente beneficente que vai estar transformando muitas vidas. Queria também agradecer pela oportunidade de estar aqui.  Nesta noite, estamos tendo a prova do poder transformador da arte, da música. Desse poder transformador para a sociedade. Então muito obrigada por proporcionarem esse momento lindo para a gente poder transformar e melhorar vidas para as pessoas, crianças e famílias por esse Brasil afora. Muito obrigada por serem ferramenta e instrumento disso.”

Uma multidão que cantou até o fim

“Quando uma multidão canta junto, canta sempre afinado”, disse Marisa Monte no encerramento do espetáculo, emocionando o público. E foi exatamente isso: uma noite de canto coletivo, onde beleza, ancestralidade e engajamento caminharam lado a lado.

Com mais de 50 anos de atuação, a CESE reafirma com este evento seu compromisso com a defesa dos direitos humanos. Através da arte e da cultura, a organização amplia vozes, gera impacto e mobiliza recursos para fortalecer centenas de projetos que, todos os dias chegam na organização para enfrentar as desigualdades e construir alternativas para o bem viver.

A CESE agradece a cada pessoa que participou, apoiou e compartilhou essa celebração. Que essa energia continue ecoando e inspirando novas ações por dignidade, equidade e justiça. Até a próxima edição!

Confira aqui os registros da 5ª edição do show Música & Direitos Humanos

Confira aqui o que saiu na mídia.

Repertório do show “Orquestra Afrosinfônica convida Marisa Monte”

O maestro, a cantora e os músicos apresentaram as seguintes canções:

Exu

Orin

Nabeleli

bejis

Maracatu do Congo

Magamalabares

Maria de Verdade

Vilarejo

Panis et Circenses

Ainda Bem

Beija Eu

Ainda Lembro

Preciso Me Encontrar

Carinhoso

De Mais Ninguém

Depois

Segue o Seco

Velha Infância

Oxalá / Lenda das Sereias — com o público de pé, encerrando a noite em comunhão e celebração.