Assembleia oficializa Comitê Inter-religioso da Bahia

Por Camila Chagas

No dia 28 de fevereiro de 2023, na nave da Igreja do Rosário dos Homens pretos, localizada no Centro Histórico de Salvador, aconteceu a assembleia de oficialização do Comitê Inter-religioso da Bahia (CIRB) e nomeação de sua coordenação.

São membros da coordenação: Padre Lázaro Muniz, capelão da Igreja do Rosário dos Homens Pretos e coordenador da Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e Diálogo Religioso (CAEDI); Iyá Márcia de Ogum, Iyalorixá do Ilê Axé Ewá Olodumare; Pai Raimundo de Xangô, do Centro de Umbandista Paz e Justiça; Ogan Elias do Terreiro Pilão de Prata; Ogan Ailton Ferreira do Terreiro de Oxumaré e Pastora Camila da Igreja Batista Nazareth.

O Comitê Inter-religioso é formado por lideranças de diversas denominações religiosas e também por aqueles que não possuem crença alguma e conta com representações do Candomblé, Umbanda, Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Batista Nazareth, Hare Krishna, Fé Bahá’í , dentre outros.

Para Ogan Elias, o Comitê inter-religioso “é uma ação de fortalecimento e ratificação de ações que configuram a busca incessante por aquilo que é o maior mandamento de toda e qualquer divindade, o maior e essencial mandamento de toda e qualquer instituição religiosa: a Paz entre os homens. A partir do momento que o ser humano compreende a sua essência e tem um entendimento mais holístico do nosso estar dentro do universo, torna-se mais fácil uma convivência harmônica. Assim sendo, o comitê inter-religioso da Bahia cria um laço de amor e paz continuado. O comitê inter-religioso é um resultado ancestral da luta dos nossos antepassados”.

Para Padre Lázaro Muniz, “o comitê inter-religioso é um instrumento especial no sentido de poder congregar representantes de religiões diversas e unir forças em favor da paz, em favor da construção de um mundo melhor e de uma cidade mais justa, fraterna, solidária, comprometida com a justiça.” Pe. Lázaro estima que as lideranças antigas que acompanhavam as ações do Comitê possam continuar participando e fortalecendo as ações.

Ogan Ailton Ferreira resgatou a história da Igreja e da irmandade do Rosário dos Pretos, do histórico de luta dos antepassados que construíram o templo sagrado e lutaram para ter vida e funeral dignos. Para o Ogan, o Comitê inter-religioso da Bahia é o resultado de várias lutas que tivemos ao longo dos anos 90 e 2000. Que muitas pessoas passaram pelo Comitê e foi chegando mais gente. Que agora o conselho está maduro, representativo e reflete a união das pessoas e tem objetivo definido.

 “Não é um espaço de vaidade, de política partidária. É um espaço do diálogo e do combate ao racismo religioso onde nós entendemos que todos nós temos que sair ganhando, não há um grupo ou pessoa mais importante, somos um conselho onde todos tem sua importância e juntos somos mais fortes. A ideia é disseminar a cultura da paz, combater o ódio, disseminar a cultura da coexistência pacífica. Não faremos consenso de valores, evidentemente, cada pessoa tem sua crença e seus valores, mas vamos fazer consenso de agendas: o que podemos fazer juntas e juntos para fortalecer a cultura da paz.”

Após o encerramento da assembleia, os presentes foram convidados a participar da celebração eucarística na Igreja do Rosário dos Pretos. KOINONIA integra o coletivo por ter como missão a mobilização da solidariedade ecumênica e promover o movimento ecumênico e seus valores libertários em nível nacional e internacional.

KOINONIA entende ecumenismo como um valor que correlaciona três dimensões interligadas e inseparáveis, a saber: a busca da unidade dos cristãos; a colaboração com outros setores da sociedade que lutam pela paz, justiça e preservação da natureza; e o diálogo fraterno entre as religiões. Este valor é sustentado pela afirmação do caráter de provisoriedade e incompletude históricas de todas as perspectivas de vida e construções institucionais dos humanos.

Para Bianca Daébs, assessora para Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CESE, o Comitê Inter-religioso da Bahia é um marco na luta contra o Racismo e os fundamentalismos Religiosos. “Sua criação é um importante testemunho de que o diálogo e o respeito são possíveis em meio a diversidade religiosa. Nós da CESE e do CEBIC ficamos felizes com esta iniciativa, pois ela ajuda a fortalecer as relações ecumênicas e Inter-religiosas em nosso Estado. Estamos junt@s nessa caminhada”.