Brumadinho, dois meses depois: infinitas realidades de um mesmo crime

Dois meses se passaram desde o dia 25 de janeiro. Há dois meses que a vida das pessoas da região de Brumadinho (MG), estacionou no crime cometido pela mineradora Vale do Rio Doce, com o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão . Dois meses depois do “auê” da imprensa tradicional e sua cobertura quantitativa. Número de mortos, desaparecidos, sobreviventes, investimentos que caíram, “dinheiros” perdidos.

“A Vale roubou minha paz de espírito. Perdi minha cunhada e minha irmã. Minha cunhada foi encontrada, sofremos, mas conseguimos fechar esse capítulo. Mas agora eu vivo na espera, todos os dias, por notícias sobre a minha irmã. Não consigo mais fazer o que era minha maior alegria, ir caminhar no meio do mato, porque a qualquer momento penso que vão me ligar pra dizer que encontraram o corpo dela.” – Atamaio Ferreira, morador de Córrego do Feijão.

Desde janeiro o Fórum Ecumênico ACT Brasil (FEACT), coordenado por KOINONIA, Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e parceiros locais estão atuando no apoio psicossocial e distribuição de água e alimentos para famílias atingidas no crime de Brumadinho. Tudo isso graças ao Fundo de Resposta Rápida da ACT Aliança.

Além disso, o trabalho também se deu em parcerias com o Ministério Público (MPF), a seção local de Minas Gerais do escritório do Defensor Público (DPU), Igreja Católica e Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC-MG).

Débora Matte é psicóloga de formação e atuou como orientadora e monitora das equipes de atendimento psicossocial da articulação MAB/FEACT – KOINONIA. Ela e outros parceiros relataram que se tornou comum na região ouvir histórias de crianças desenhando corpos, sangue e helicópteros, num sinal claro da experiência vivida. A moradora Sara de Souza Silva conta sobre o trauma em seus filhos, que não conseguem mais dormir sozinhos.

“Para mim, a Vale tinha que tirar todo mundo daqui. Como as crianças vão crescer com essa lembrança? Como vai ficar a cabeça delas no meio dessa lama toda?”.

A região apresenta cenários distintos e complexos. No centro de Brumadinho, a vida tenta manter uma normalidade, e as famílias da região do Córrego do Feijão pensam em como seguir daqui para frente.

Confira a reportagem especial completa abaixo:

Por Natália Blanco/KOINONIA, com a colaboração de Sheila Tanaka/Christian Aid Brasil para FEACT

Foto: Rodrigo Zaim R.U.A/Christian Aid

Fonte – CONIC

https://conic.org.br/portal/noticias/3056-brumadinho-dois-meses-depois-infinitas-realidades-de-um-mesmo-crime