No Sul do Amazonas, o Instituto Runyn Pupykary Yawanawá, desenvolve ações no âmbito do Projeto Dabucury, na categoria Urucum, iniciativa que apoia diversas organizações indígenas da Amazônia Legal na valorização de povos indígenas e na gestão territorial sustentável.

O projeto “Maky: Fortalecendo a cadeia produtiva da castanha Apurinã” tem como foco o fortalecimento da cultura, a integração comunitária e a proteção do território do povo Apurinã, na Terra Indígena Kamikuã, no município de Boca do Acre-AM. Segundo Dan Apurinã, presidente da organização, a comunidade soube da oportunidade do projeto a partir da articulação que já tinham com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e seus parceiros regionais, com forte influência das lideranças locais. “Nossa família sempre participou do movimento indígena, o que nos possibilitou acesso às informações e ao apoio necessário. O projeto surge da necessidade de fortalecer nosso povo”, explicou. O território do povo Apurinã enfrenta pressões externas, como narcotráfico, invasões de terra e exploração ilegal de recursos naturais, intensificadas pela proximidade da aldeia com o meio urbano.
Para enfrentar esses desafios, o Instituto Runyn Pupykary Yawanawá promove mutirões, reuniões e atividades de proteção, garantindo a presença da comunidade e o uso sustentável da terra. Entre as ações desenvolvidas no escopo do Projeto Dabucury, destaca-se a coleta de castanha, envolvendo cerca de 50 famílias. O trabalho não apenas garante a preservação do território, mas também reforça a identidade cultural da comunidade.
“Cada pedacinho do território que ocupamos é estratégico. Trabalhando juntos, conseguimos proteger nossa terra e fortalecer a integração comunitária”, afirma Dan Apurinã, presidente do Instituto Ryunyn Pupykary Yawanawá. Um dos pontos que a liderança destaca é a participação da juventude e das mulheres, considerada estratégica. “Temos jovens coordenando atividades e mulheres líderes mobilizando a comunidade. A troca entre gerações – jovens, adultos e idosos – mantém vivo o conhecimento tradicional e fortalece a cultura Apurinã”. Confira:
Maria Eunice, do Instituto Ryunyn e coordenadora do projeto apoiado no Dabucury, reforça a importância da atuação das mulheres: “Antes, as mulheres eram mais isoladas, era sempre o homem que estava à frente. Hoje nós estamos na coordenação, na frente dos projetos, mostrando que também somos guerreiras. Isso quebra preconceitos e fortalece a nossa voz dentro e fora da aldeia”.
