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Em meio ao contexto de pandemia mundial, a Coordenadoria Ecumênica de Serviço continua apoiando iniciativas do movimento popular que expressam a luta pela resistência e pela garantia de direitos – mas agora priorizando iniciativas de caráter emergencial e humanitário no combate ao avanço do coronavírus.

O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) é um dos grupos que recebeu apoio para contribuir no acesso à alimentação saudável de famílias baianas em vulnerabilidade social e econômica, impactadas pela disseminação do COVID-19.

A iniciativa incide no contexto do aprofundamento de desigualdades que a proliferação do vírus impõe. Embora seja uma pandemia que ameaça a vida de todas as pessoas, ela impacta com muito mais força grupos e populações que já enfrentam as desigualdades sociais, econômicas e raciais e que vivem em constante vulnerabilidade: as populações que têm seus direitos básicos negados, cujo acesso aos serviços de saúde e saneamento, garantia do direito à alimentação e segurança alimentar estão seriamente comprometidos.

O Brasil registra (dados oficiais de 28/04/2020) 4.543 mortes em decorrência da COVID-19 e está próximo de se igualar à mortalidade da China (4.643). No caso brasileiro, o vírus vem rapidamente descendo na hierarquia social,  espalhando-se pelas classes mais vulnerabilizadas economicamente.

Na cidade de São Paulo (SP), entre os bairros com mais pessoas vitimizadas estão Brasilândia, Sapopemba, São Mateus e Cidade Tiradentes, todos na periferia. Em Fortaleza (CE), os bairros em situação mais crítica são Barra do Ceará e José Walter, ambos na periferia (as informações foram extraídas de reportagem do canal alemão “Deutsche Welle”). Em Salvador (BA), segundo dados do jornal “Correio da Bahia”, o vírus começou na Pituba (classe média e alta) e agora tem crescido o número de casos em bairros mais empobrecidos, como Engelho Velho de Brotas e Liberdade.

Dando sua contribuição ao enfrentamento dessas desigualdades, foi apoiado pela CESE o projeto proposto pelo Movimento dos Pequenos Agricultores: “Cestas camponesas de base agroecológica para famílias em insegurança alimentar em bairros populares de Salvador”.

Três comunidades, com indicadores de vulnerabilidade social e econômica, foram comtempladas com 180 cestas básicas, repletas de produtos da agricultura familiar/camponesa: bairro de Cajazeiras; ocupação Manoel Faustino (composta por comunidades do Movimento Sem Teto da Bahia, localizada à margem da rodovia que liga a BR 324 a São Tomé de Paripe; e Quilombo Quingoma (Lauro de Freitas).

Os produtos foram adquiridos das famílias camponesas organizadas no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), oportunizando, também, dessa forma, que sigam comercializando seus produtos a preço justo e ofertando alimento saudável à população urbana afetada pelos impactos do Covid-19.

Leomárcio Araújo da Silva, uma das lideranças do MPA, retrata, em sua fala, o sentimento de dever cumprido que fica no movimento ao poder continuar ofertando alimentos saudáveis e agroecológicos. “Isso nos deixa com a sensação  de que estamos conseguindo cumprir com aquele dever que é nosso, o dever que é histórico dos agricultores e agricultoras e dos povos do campo, que é de ofertar alimento sem veneno, alimento limpo para a população urbana. Nesse momento nossa missão foi redobrada e nos colocamos em mutirão contra a fome pra garantir que nossos produtos cheguem as comunidades mais necessitadas”, constata.

“Ao nos apoiar, a CESE estimula outras organizações  a apoiarem o MPA ou outros movimentos sociais do campo a disporem de seus produtos, fazendo com que eles cheguem na mesa de quem  mais precisa”, aponta Leomárcio Araújo da Silva, do Movimento dos Pequenos Agricultores.