Através do Projeto Patak Maymu, com apoio da União Europeia, dentro do Programa de Pequenos Projetos, a CESE apoiou a ida de 8 mulheres indígenas do Oiapoque-AP para a III Marcha das Mulheres Indígenas, que ocorreu entre os dias 11 e 13 de setembro em Brasília. Proposto pela Associação de Mulheres Indígenas em Mutirão (AMIM), o projeto teve como objetivo fortalecer o protagonismo feminino indígena e levar as pautas dos povos da região para o encontro nacional.
Marchando pelo diálogo
A III Marcha das Mulheres Indígenas foi organizada pela Anmiga (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade). Nesse ano, contou com a participação de mais de 6 mil mulheres na luta por direitos humanos e dignidade.
Entre as organizações presentes, esteve a AMIM. Fundada em 2006, a organização representa as mulheres indígenas do extremo norte do Amapá, pertencentes às etnias Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi Kali´nã. São mais de 15 mil pessoas reunidas em 66 aldeias, distribuídas entre as terras indígenas Galibi, Jumina e Uaçá, compondo uma área contínua de 518.454 hectares.
Claudia Renata, coordenadora administrativa, destaca: “Sempre buscamos estar em constante diálogo e estar presente em todas as reuniões de tomadas de decisões, junto com nossos caciques e coordenadores. Não somos só uma organização representante, mas também uma organização que delibera junto com todos os caciques”.
Associação de Mulheres Indígenas em Mutirão
Lá, as mulheres fizeram a venda de artesanatos, mostrando a arte de seu povo e enfatizando as posições de destaques que estão começando a assumir em suas respectivas aldeias.
“O protagonismo feminino estreitou ainda mais a relação da diretoria da AMIM, com as mulheres dos nossos territórios. Desde março decidimos participar da marcha. Buscamos apoio e parceria pra que todas pudessem ir, pois decidimos que iriam representantes de todos os povos indígenas de Oiapoque. Fomos então aprovadas no edital do Patak Maymu”, destaca Claudia Renata.
Resistência e continuidade
A maioria dessas mulheres foram pela primeira vez ao evento e puderam ter contato com outros povos indígenas reunidos ali, na busca de objetivos em comum. A dificuldade de mobilidade no estado é uma questão de impedimento para os movimentos sociais, o que já é inclusive pauta de disputa. Uma dessas questões está no fato de a BR 156 cortar parte da Terra Indígena Uaçá, onde vivem os Galibi Marworno.
Kássia Galiby, Claudia Renata e Marcela Jean Jaque na III Marcha das Mulheres Indígenas
Apesar disso, há expectativas de continuidade de projetos semelhantes. Janina Forte, representante da AMIM, reforça: “As mulheres indígenas desses povos são um exemplo de resistência e ensinamento. O deslocamento de mulheres da região do Oiapoque custa muito caro. Com o apoio da CESE a gente conseguiu levar mais mulheres para participar desse movimento. Estamos planejando estar presentes na próxima marcha. Já estamos correndo atrás de mais editais, para que a gente possa ter recurso para levar cada vez mais mulheres nesse movimento nacional”.