Mulheres negras do Ceará realizam encontro de preparação para Marcha Nacional em Brasília

Cerca de um milhão de mulheres em todo o Brasil se preparam para ocupar as ruas de Brasília (DF) no mês de novembro na 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras. Ao longo do ano, atividades de formação e organização estão sendo desenvolvidas em diversos estados para fomentar a mobilização desta que já se apresenta como um dos marcos das lutas populares do país. No Ceará, um dos momentos centrais desse processo foi o Encontro Estadual de Mulheres Negras, realizado entre os dias 4 e 6 de julho no município de Caucaia, que reuniu cerca de 60 mulheres de mais de 10 cidades do estado.

Com a presença de pessoas de diferentes idades, territórios, mulheres trans, lésbicas, bissexuais, com deficiência, de terreiro, quilombolas e diversos outros segmentos, o encontro fortaleceu a unidade entre as mulheres negras do estado rumo à marcha nacional. Para Luciana Lindenmeyer, ativista da Rede de Mulheres Negras do Ceará e integrante do comitê impulsor estadual, a atividade, que contou com o apoio da CESE, também cumpriu um importante papel organizativo.

“O Encontro foi fundamental para fortalecer a mobilização que estava sendo realizada. Muito importante para reunir mulheres dos diversos territórios do Ceará e para planejar nossos próximos passos até novembro”, aponta.

Protagonismo das mulheres negras

A organização para Marcha Nacional teve início no Ceará em 2024, quando foi constituído o comitê impulsor estadual. Desde então, cerca de 40 mulheres negras de 20 coletivos, principalmente da Região Metropolitana de Fortaleza, Cariri e Ibiapaba, participam organicamente do processo de mobilização.

Guiadas pela luta por Reparação e Bem Viver, lema que orienta as ações em torno da mobilização para Brasília, o encontro estadual buscou ser um espaço para engajar mais lutadoras populares, desenvolver novas lideranças e aprofundar o debate sobre o racismo, patriarcado e capitalismo, que estruturam a realidade brasileira. Nesse sentido, a atividade também ressaltou a importância do papel das mulheres negras nas lutas sociais e políticas do Brasil.

“Mulheres negras são protagonistas de lutas há muitas décadas no país, mas sem reconhecimento e com o racismo invisibilizando sua contribuição”, salienta Luciana. A ativista também elenca diversas pautas discutidas que envolvem a vida e os direitos das mulheres cearenses e que também serão levadas para Brasília.

“A marcha já é um evento nacional e internacional e o Ceará tem lutas necessárias para expor, como a precarização do trabalho das mulheres, altos índices de violências, sobrecarga com o trabalho de cuidado, encarceramento, feminicídio e transfeminicídio.”

Além dos espaços de análise de contexto e formação, a programação do encontro também contou com momentos de partilha sobre a construção da marcha nos territórios, de planejamento de ações conjuntas e de um ato público, que fez ecoar os batuques e palavras de ordem das mulheres em defesa dos seus direitos. Luciana destaca que o balanço coletivo do evento foi muito positivo e que os próximos passos também estão voltados para arrecadar recursos que viabilizem a ida da delegação cearense para a marcha.

“A atividade foi muito bem conduzida. A atividade realizada em grupos e o último dia de planejamento concreto das ações indicou as estratégias para ampliar a mobilização em outras regiões do estado. Os próximos passos envolvem seguir organizando rodas e atividades com mulheres negras em todos os espaços e realização de ações públicas que possibilitem a arrecadação de recursos para a marcha”, aponta.

A ativista também destaca a importância do apoio da CESE para o fortalecimento dessa iniciativa.

“O apoio da CESE foi essencial para que o Encontro acontecesse. Viabilizou efetivamente o deslocamento das mulheres de Pacajus, Crato, Bárbara, Várzea Alegre, Juazeiro do Norte, Paracuru, Tamboril,  Fortaleza, Eusébio, Caucaia, Barreira, Maracanaú. Viabilizou as questões estruturais pro encontro, parte importante da alimentação e materiais de divulgação e  para que a metodologia ocorresse de forma qualificada”.

Programa de Pequenos Projetos

Desde a sua fundação, a CESE definiu o apoio a pequenos projetos como a sua principal estratégia de ação para fortalecer a luta dos movimentos populares por direitos no Brasil.

Quer enviar um projeto para a CESE? Aqui uma lista com 10 exemplos de iniciativas que podem ser apoiadas:

1. Oficinas ou cursos de formação

2. Encontros e seminários

3. Campanhas

4. Atividades de produção, geração de renda, extrativismo

5. Manejo e defesa de águas, florestas, biomas

6. Mobilizações e atos públicos

7. Intercâmbios – troca de experiências

8. Produção e veiculação de materiais pedagógicos e informativos como cartilhas, cartazes, livros, vídeos, materiais impressos e/ou em formato digital

9. Ações de comunicação em geral

10. Atividades de planejamento e outras ações de fortalecimento da organização

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