Nota de repúdio aos atos de violência no acampamento terra livre 2025

A CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviço) reitera o posicionamento da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) de repúdio à violência cometida contra manifestantes pacíficos durante o Acampamento Terra Livre 2025 em Brasília-DF.

Confira a nota da Coiab:

NOTA DE REPÚDIO

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) manifesta seu mais profundo repúdio aos atos de violência que ocorreram na noite de ontem (10), durante a marcha pacífica “A Resposta Somos Nós”, em Brasília (DF). Os povos indígenas foram alvo de ações repressivas desmedidas por parte das forças de segurança. O uso de gás lacrimogêneo e outros agentes químicos contra os participantes da marcha, incluindo mulheres, crianças e idosos, é inaceitável e fere os princípios democráticos de livre manifestação e respeito aos direitos humanos.

Reiteramos nosso apoio às vítimas e seguimos na luta pelas reivindicações dos povos indígenas. Por respeito, dignidade e garantia de seus direitos constitucionais. É fundamental que as autoridades competentes apurem os fatos com rigor e assegurem que episódios como este não se repitam, promovendo o diálogo e a paz em todas as manifestações.

A seguir, nota da Apib:

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) repudia de forma veemente os atos de violência do Congresso anti-indígena, cometidos pelo Departamento de Polícia Legislativa (DPOL) e pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) na tarde desta quinta-feira, 10, durante a marcha “A Resposta Somos Nós”, que faz parte da programação do Acampamento Terra Livre (ATL).

O Congresso, além de aprovar leis inconstitucionais, ataca os povos indígenas e seus próprios deputados. A deputada indígena Célia Xakriabá (PSOL) e várias pessoas ficaram feridas ao serem recebidas com bombas de gás de pimenta e efeito moral, no local que deveria ser a casa da democracia. Lamentamos o uso desnecessário de substâncias químicas contra os manifestantes, mulheres, idosos, crianças e lideranças tradicionais.

Temos evidências de que os atos fazem parte de um contexto de violência institucional disseminada contra os povos indígenas. Ontem, durante reunião convocada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), para tratar da organização da marcha do dia de hoje, um participante não-identificado proferiu manifestação de cunho racista e de incitação à violência: “deixa descer logo… deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça”. Conforme registrado em gravação obtida por solicitação da APIB após a reunião, a fala foi proferida por um provável agente das forças de segurança.Tocador de áudio

Hoje, o acesso ao gramado do Congresso Nacional por parte dos manifestantes ocorreu de forma espontânea, sem qualquer ato de violência, depredação ou rompimento de barreira. A  APIB reforça  o caráter pacífico e democrático da manifestação, que reuniu mais de 7 mil  lideranças indígenas de diferentes povos de todo o país.

A mobilização teve como objetivo a defesa de direitos constitucionais e o fortalecimento do diálogo com os Poderes da República. O Acampamento Terra Livre é realizado há mais de 20 anos na capital federal, sempre com forte organização, compromisso e respeito às instituições democráticas. Ao longo dessas mais de duas décadas, o movimento indígena sempre colaborou e continuará colaborando para garantir que o evento ocorra de forma tranquila e segura.

Acampamento Terra Livre 2025

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB

Brasília, 10 de abril de 2025