Oficina sobre Mobilização de Recursos articula igrejas-membro da CESE e CONIC

Entre os dias 15 e 19 de julho, a CESE recebeu na sua sede, em Salvador (BA), 18 representantes das suas igrejas-membro, duas representações da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e duas pessoas parceiras da agência holandesa Gansos Selvagens para a Oficina de Formação em Mobilização de Recursos Locais. Em parceria com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), o curso teve como objetivo sensibilizar e mobilizar comunidades religiosas a atuar de forma articulada nos processos de mobilização de recursos locais como estratégia para a sustentabilidade institucional.

Formado por pessoas de diversos lugares do Brasil e de distintos contextos de atuação, o curso contou com uma roda de conversa sobre a conjuntura política e a sustentabilidade das igrejas, exposição dialogada sobre comunicação para mobilização de recursos, redes e planejamento, além de atividades práticas e momentos de trabalho em grupo.

Considerando a atual conjuntura de retrocessos de direitos e crescimento das ondas conservadoras e fundamentalistas, Pr. Valdenício Oliveira (Vando), da Aliança Batista da Aliança de Batistas do Brasil, narra à importância da realização de um curso voltado para público das igrejas: “Diante desse contexto de tanta escassez e de tanta perseguição, o curso surge como uma oportunidade para trabalharmos em rede. Isso abre a possibilidade de autonomia para realizar nossos projetos teológicos e políticos, sem depender do capital.”, afirmou Vando.

Eleni Rangel, membro da diretoria institucional da CESE e representante da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, descreve como a capacitação proporcionou um novo olhar sobre a sustentabilidade das igrejas: “Tivemos ideias básicas e fundamentais acerca da importância deste tema, como a possibilidade de levantar recursos a partir de outras fontes, não somente a partir dos fiéis. Acho que esse novo horizonte que o curso nos apresenta é fundamental para atender as nossas demandas.”.

Para Adriano Araujo, da Igreja Católica e coordenador executivo do Fórum Grita Baixada (RJ), a mobilização de recursos para igrejas e movimentos sociais é de extrema importância, não só porque contribui para sustentabilidade, mas por ser um processo pedagógico de comprometimento e envolvimento dos participantes: “As pessoas se sentem corresponsáveis ao contribuírem para a sustentabilidade dos movimentos sociais e das próprias igrejas. Conseguimos aprender, nos capacitar e levar esse conhecimento para nossas organizações.”.

Já para a pastora Célia Gil Pereira, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (BA), o curso ampliou a visão sobre a possibilidade de angariar parcerias localmente: “Como comunidade religiosa não estamos separada do bairro e das necessidades que ele tem. É importante que a gente tenha a percepção de há pessoas com interesses em comum que podem contribuir com a nossa causa, com aquilo que a gente defende e acredita.”.  Com esta mesma reflexão, Patrícia Araújo, da Igreja Presbiteriana Unida de Itapagipe (BA), completa que as ações de mobilização realizadas no local onde atua torna a congregação mais conhecida: “Através do bazar, da feijoada e de outros eventos a igreja passa a ser reconhecida na comunidade pelo o que somos e fazemos.”.

A metodologia aplicada na formação garantiu que as/os participantes pudessem ter a liberdade para manifestação das particularidades de cada comunidade de fé, além de incentivar a troca de vivências entre as igrejas representadas e organizações convidadas: “Foram momentos de muito diálogo e troca de experiências”, afirmou Revda. Dilce Regina Oliveira, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (Novo Hamburgo – RS).

No encerramento do encontro, a diretora executiva da CESE, Sônia Mota, agradece a parceria do CONIC, a participação dos presentes e se mostra satisfeita com a avaliação do curso: “É a nossa primeira experiência de formação em mobilização de recursos com o público das igrejas. Ouvir esse feedback positivo é muito importante para continuar apostando nessas iniciativas.” E completa: “Ações de formação têm potencial de mobilização de recursos para a CESE também. Caso haja interesse em levar esse curso para a cidade de vocês, estamos à disposição para realização de parcerias.”

A Oficina faz parte do programa Virando o Jogo, ministrado no Brasil pela CESE, parceira da organização Gansos Selvagens (agência de Cooperação holandesa).  A formação para este público foi composta por uma fase presencial de cinco dias, incluindo aprendizagem combinada on-line, através do Portal Virando o Jogo, além do acompanhamento de trabalho individual à distância pós-curso.