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O Abril indígena 2020 é marcado pelo avanço do corona vírus nas aldeias, somado ao aumento das invasões, ataques, ameaças e assassinatos nos territórios indígenas em todo país.

Mesmo com a pandemia, a violência contra os povos indígenas só aumenta. Zezico Guajajara, professor e liderança que lutava pela proteção do território do seu povo, foi brutalmente assassinado no Maranhão no dia 31 de março. Dia 18 de abril, o indígena Ari Uru-eu-wau-wau também foi assassinado, no município de Jaru, em Rondônia. Ele integrava o grupo de vigilantes e protetores do território do seu povo e estava ameaçado pelos criminosos responsáveis pelas invasões e devastações na região. Segundo o Caderno de Conflitos por Terra  publicado pela Comissão Pastoral da Terra – CPT, apenas no ano de 2019, 9 indígenas foram assassinados no Brasil. De cada 3 famílias em situação de conflito por terra, uma era indígena e de um total de 144.742 famílias, 49.750 famílias indígenas estiveram envolvidas nos conflitos.

Para Sonia Bone Guajajara ( coordenação executiva da APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil),  a falta da demarcação dos  territórios, em um momento de pandemia, deixa as populações indígenas ainda mais vulneráveis: ” Não estamos expostos apenas ao coronavírus, os crimes cometidos por madeireiros, garimpeiros e grileiros seguem intensos violando direitos e destruindo nossa natureza.  Precisamos de políticas preventivas, ajuda humanitária e políticas efetivas de proteção ambiental para evitar as invasões, que são fontes constantes de contaminação de doenças para os territórios”. 

Já para o enfrentamento da COVID19, Guajajara enfatiza as necessidades urgentes que devem ser adotadas em articulação intergovernamental entre estados e governo federal e também interinstitucional para o enfrentamento da COVID-19 nos territórios indígenas: A  Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) precisa adotar imediatamente o critério de contágio comunitário; disponibilizar testes rápidos em quantidade suficientes para testagem dos indígenas, pois se não houver esse acesso não teremos como saber o número exato de contaminação e assim facilitar ainda mais a propagação do vírus nas aldeias; atender de forma igualitária todos os indígenas independente de onde viva ; construir hospitais de campanha para atendimento exclusivo dos povos indígenas na Amazônia e a FUNAI precisa investir logo os 11 milhões de reais no combate ao coronavírus e garantir a retirada imediata de todos os invasores madeireiros e garimpeiros dos Territórios indígenas.

Mortes por COVID19 em aldeias indígenas

Segundo o site de monitoramento da pandemia COVID-19 em terras indígenas, criado pelo Instituto Socioambiental /ISA,  – www.covid19.socioambiental.org-  dos 37.057 casos da COVID19 no Brasil,  27 são em áreas rurais indígenas no Brasil , com 3 mortes ( dados até 17.04 – 17h).

A CESE também olha com atenção e preocupação esse cenário de pandemia, somado ao massacre, racismo, criminalização e assassinato de lideranças. Com objetivo transformar essa realidade, a organização continua atuando na luta e na defesa dos direitos de povos indígenas, visibilizando campanhas e vaquinhas on line dos movimentos, denunciando violações de direitos e apoiando projetos : só nos últimos 15 anos foram aproximadamente 520 projetos, beneficiando 325 mil representantes de povos originários em todo o Brasil.    

Campanha de Solidariedade aos povos indígenas

 A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) reforça a necessidade de medidas urgentes de proteção dos  territórios e das  vidas indígenas e pede apoio à sociedade civil para compra de alimentos e materiais de higiene que serão distribuídos nas aldeias. Para colaborar, acesse: 

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/apoie-os-povos-indigenas