No dia 29 de março, Salvador completará 473 anos. Com a chegada da pandemia de Covid-19, a data ganhou um significado antagônico a qualquer comemoração: é que na sua véspera se completam dois anos da morte da primeira vítima do coronavírus na Bahia. Milhares outras vieram depois dela: mais de 29 mil no estado e de 656 mil no país. Neste período teve negacionismo, teve uso político e festa antes de ter vacina. Teve negligência, desrespeito. Por outro lado, teve sofrimento e luto.

E é por respeito a essas vítimas e solidariedade com suas famílias que as instituições inter-religiosas que integram a campanha #SilêncioPelaDor, o coletivo #RespiraBrasil, realizarão o Ato Inter-religioso “Memorial Vivo às vítimas da Covid-19”, na cidade de Salvador.  A solenidade acontecerá no dia 29, às 11:00, no Parque São Bartolomeu e é organizado por CEBIC – Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs; CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço com apoio do FEACT – Fórum Ecumênico ACT Brasil.

A homenagem consiste no plantio de um Bosque de Árvores na área externa do parque, em memória de toda vida ceifada por este período tão obscuro. Devido à importância histórica e inter-religiosa do Parque, região que foi morada dos índios tupinambás, quilombo para os escravos fugindo dos engenhos de açúcar, o Memorial Vivo será constituído de uma árvore plantada por cada tradição religiosa que assim o desejar, onde se poderá prestar homenagem às vítimas da Covid-19.

Espera-se que o ato conte com representações de 8 religiões diferentes – candomblecistas, umbandistas, de espiritualidade indígena, espíritas, islâmica, judaicas e cristãs. A ideia é que cada religião seja representada por duas pessoas: enquanto uma delas realiza o plantio, a outra profere uma benção/oração que dialogue com a sua fé.

Bianca Daébs, reverenda da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e Assessora para Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CESE, pontua que o Memorial Vivo é uma forma de mostrar para nossa cidade e para o Brasil que é possível o diálogo, o respeito à diversidade; é possível esperançar juntas por uma sociedade melhor.

“As sementes lançadas ao solo fazem memória das pessoas que partiram nesses dois anos de pandemia, as árvores abençoadas por cada tradição de fé que romperão o solo fértil do Parque de São Bartolomeu, simbolizam esse novo tempo, em que desejamos ver e sentir a vida florescer com alegria, esperança, coragem e fé!”, declara.

O Ato Inter-religioso “Memorial Vivo às vítimas da Covid-19” conta com apoio do mandato da vereadora Marta Rodrigues; do Parque São Bartolomeu; da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis) da Prefeitura de Salvador; e da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder).